Revista da Academia Paraense de Letras 1968

14 O. ALBERTO RAMOS E quem não reconheceria em Dom Macêdo Costa também o iniciador do movimento bíblico no Brasil, com a difusão de sua His– tória Sagrada, até há pouco ainda adotada em nossos colégios. Talvez não incidiríamos em grave erronia se aventurássemos a hipótese de que a maioria dos senhores acadêmicos tiveram o seu primeiro con– tacto com a fonte inexaurível da Escritura Sagrada através da admi– rável sintese elaborada pelo infatigável poligrafo·. Não nos cabe, nesta noite, analisar a atuação do maior vulto do Episcopado Nacional, na sua sistemática defesa dos direitos da Igreja em face do regalismo absolutivo da Coroa. Hélio Viana, ao tentar resumir a "bibliografia da Questão Re– ligiosa" em "Estudos de História Imperial" (Brasiliana, p. 279 e seg.) escreve: "Indo a processo e julgamento, ao contrário de D. Vital, julgou oportuna a ocasião para precisar pontos de vista que não eram a.penas seus, mas da própria Igreja de que era um dos mais ilustres representantes. O livro DIREITO CONTRA DIREITO - OU O ES· TADO SOBRE TUDO, Refutação da teoria dos politicos na Questão Religiosa. Seguida da Resposta ao Supremo Tribunal de Justiça "fui o poderoso depoimento prestado pelo Bispo do Pará em tão grave contingência. "Nessa atitude, desassombrada e digna, são de fácil percepção os traços distintivos que o separam do companheiro de provações. Aos psicólogos da História não será düícil marcar as diferenças vi– gentes entre os dois Confessores da Fé, embora mais de forma que de fundo, mais temperamentais que fundamentais, unidos, ambos, pela grandeza da missão sacerdotal, que superiormente desempenha– ram". É ainda o mesmo historiõgrafo que destaca: "Voltando ao sólio episcopal, e continuando depois da morte de Dom Vital, a defender a doutrina da integridade da Igreja a que êste se sacrificara, coube a dom Antônio de Macêdo Costa redigir, em 1879, uma "Resposta... a seus acusadores na Câmara· dos Depu– tados" e nove anos depois, uma "Representação à Assembléia Geral Legislativa sôbre a Liberdade de Cultos". "Entre uma e outra, travou o Bispo do Pará a mais apaixonan– te e também a mais elegante polêmica de tôda a questão Religiosa". Em ocasião que tal, num ateneu como êste, mais caberia um estudo de sua alentada e variada obra literária, catalogada em 27 trabalhos arrolados por Vilhena Alves, enquanto Dom Antônio de Almeida Lustosa enumera 33, acrescentando que a lista é incompleta, pois faltam ainda alguns, entre os quais três em francês, sôbre her– menêutica da Sagrada Escritura. Acrescente-se ainda que era cola– borador assíduo e anônimo do jornal "A Boa Nova", em cujas pági– nas deixou esparsas muítas poesias e traduções. ~ 1 1 l <.'l -·

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0