Revista da Academia Paraense de Letras 1968

Soneto Ante a Aurora ALONSO ROCHA Bôca de aurora, trágica e vermelha, que o mar me lança aos pés, enfurecido. Pei:,ce de névoa, o coração vencido ao turbilhão das águas se assemelha. Não fôra o amor - vivíssima centelha - frágil mundo que sou - de cal - perdido, viria o tédio - o pranto indefinido - que uma esfínge no tempo me aconselha. Mas não basta chorar a flor exangue; a fonte que aguardava a minha sêde em vez de água cristal, jorrava sangue. Resta esperar, na madrugada que arde, o milagre - uma estrêla presa à rêde - o amor que não vem nunca. . . ou chega tarde . ..

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