Revista da Academia Paraense de Letras 1968

'I A ORAÇÃO DE D. ALBERTO RAMOS 13 da do Instituto Providência. Composição do Maestro Enrico Bernar– di". Não se contentou o Crisóstomo Brasileiro em dotar a Catedral com um órgão, fabricado em Paris, e considerado então como "o maior e o melhor de tôda a extensa América Meridional" e que custou naquela época quinze contos de réis, mas ainda providenciou para que dois notáveis a rtistas, Weerkamp e Potter , viessem dar o concêr– to inaugural ao qual se uniu a orquestra do maestro Bernardi. A r es– p eito dessa noite musical, escreveu um jornalista do tempo : "uma verdadeira cascata de diamantes a refulgirem ao sol, com mil varie– gados e delicadíssimos matizes" ("A Boa Nova", 27-9-1882). Demonstração plena dêsse alto nível cultural patenteia a ho– menagem que promoveu no Seminário do Carmo ao maestro Carlos Gomes, em que não faltaram poesias originais declamadas pelos pró– prios autores Paulino de Brito, Teodorico Santa Helena Magno, Al– berto Barreiros, Peres Duarte e Júlio Mário. Um filho dêste bardo maranhense s audou os dois gêníos presentes : Este é o A póstolo das gentes o sem eador da palavra, que os campos das almas lavra para as searas de Deus ! Aquêle, o Artista, o inspirado, quase um anjo. . . quase um mito . .. que se nutre do infinito, que se em briaga dos céus! - Ambos vós - a Pátria exclama - sois belos, filh os, perfeitos, qu'eu vos nut-ri aos m•eus peitos do leite que heróis produz ! ... Ide ! subi às escarpas desse Tabôr da Memória ! Sôbre os píncaros la História ide banhar-vos de luz !" Se desejardes investigar usanças familia res e normas de c:orte– zia nos la res paraenses, obser vareis a influência, tanto do célebre "Ca– tecismo do Pará" como do "Compêndio de Civilidade" que se divul– gou por todo o Brasil, a tal ponto que, noutras plagas, se originou a expressão popular "~ste não leu o Bispo do Pará" no s entido de "êste não conhece civilidade, êste é um mal educado". Escreveu ainda "O Livro da Família" que não chegou a ver pu– blicado, em vida.