Revista da Academia Paraense de Letras 1968
Bailarino do Mar... FELICIANO SEIXAS (Da Academia Paraense de Letras) (Chegando a Fortaleza). "Verdes mares bravios!" ... Ondas cantantes musicando anseios. Desejos provindos de in• contidos olhos, buscando o horizonte que se escondeu no céu ! Murmurante ondulação de que não alcanço o fim . Misteriosa água acalentando lendas, transformada em espuma a me borrifar o rosto . .. - Olho ao longe as velas pandas, borboletas brancas, desli– sando lépidas !.. . Águas revoltas beijam-lhe as bordas, cobrindo a jangada do navegador destemido . A massa líquida que os não assombra, embala-as com doçura, quando alísio é o vento, ou nos tormentosos sopros, arrasta-as, vio· lentando encapeladas cristas. Na ânsia insondável do desconhecido, veleja altivo em rumo da aventura e solitário, no leme do veleiro frágil, revive a fibra que forjou a têmpera da alma dos argonautas, na descoberta de mundos• - Jangadeiro !. . . Bailarino do Mar ! .... Coreógrafo rústico dos verdes mares, equilibrando-se viril no tôpo renovado das ondas, para espiar de longe sua terra querida, que na incerteza diária, poderá não ver mais ! Epopéia nordestina !. . . Sinfonia marinha, composta em ma· nhãs de luz, com a esverdeante tinta dêste inesgotável mar ... Não foi à-toa que o poeta cantou a côr de tuas águas, colocando esmeraldas refletidas nos olhos surprêsos do viajor ! - Quem de nós não terá visto uma vela ao longe, enfunada ao vento, conduzindo na incerteza verde, a coragem indômita de um jaugadeiro ? E como nos mostra em seu rumo incerto, a certeza máscula do seu arrôjo.
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