Revista da Academia Paraense de Letras 1968
126 AYLTON QUINTILIANO De qualquer forma, não deixa de ser uma demonstração impa– triótica e um verdadeiro crime, não apenas contra os produtores de borracha silvestre, senão contra a economia planiciária e o próprio desenvolvimento nacional, o fato dos industriais sulinos pretende– rem impor preços baixíssimos, proibidos em lei, ao produto regional, sob ameaça de importaçõés maciças do Oriente. O assunto é delicado e impõe reais providências. Não apenas no âmbito da fiscalização e da repressão. Impõe-nas, sobretudo, de caráter infraestrutura!. O que vem ocorrendo com a borracha, na Amazônia, ocorreu com o café no Estado de São Paulo. .Pensou-se, .por acaso, na liquidação dos cafezais paulistas? . . Seria uma loucura. J;::les representavam, como ainda represen– tam, o sustentáculo da economia brasileira. Tanto como a borracha ainda é o sustentáculo da economia amazônica. Marchou-se, consequentemente para a diversificação da produ– ção sulina, notada.mente para a industrialização, inclusive do próprio café. Hoje, o Brasil não apenas tem um mercado cafeeiro mais es– tável, senão que marcha para a hegemonia na produção do café so– lúvel, fazendo frente à grande indústria norte-americana. Que se faça o mesmo na Planície ! Permita-se a diversificação de nossa economia, através do in– cremento agro-pecuário e da ampliação de nosso parque fabril ! Não obstante, os mesmos industriais sulinos que manobram contra a borracha amazônica, burlando a própria lei federal, êles mesmos procuram impelir o Poder Central a substrair-nos os incen– tivos fiscais - adjutórios dos dos mais válidos à ampliação de nosso surto industrial. Felizmente, não passa de uma corrente minoritária, essa que investe contra o desenvolvimento do ainda Inferno Verde. Os argumentos de que se valem, os seus arautos, não chegam a convencer sequer aos leigos, quanto mais aos técnicos em boa hora convocados pelo presidente Costa e Silva para enriquecimento da sua assessoria. Os manobreiros do Sindicato de Artefatos de São Paulo, por exemplo, tentam fazer crer que o prêço-base, estabelecido pelo Con– selho Nacional para o produto amazônico, estaria fomentando a in– flação. ..
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