Revista da Academia Paraense de Letras 1968

(*) A Crise da Borracha AYLTON QUINTILIANO Notícias do Sul do P.afs revelam que o presidente Costa e Silva anda preocupadfssimo com o problema da. borracha na Amazônia. Sensibílizou-o, sobremodo, a denúncia feita por 26 comerciantes e produtores regionais, transmitida da tribuna da Câmara Alta, em Brasília, pelo senador Eduardo Levi. Relaciona-se, o fato, com manobras cío Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha dP. São Paulo. Seus dirigentes, escudados na cumplicidade da Superintendência da Borracha, promovem autêntica burla ao mecanismo ·de prêços vigente para o produto silvestre. Como se sabe, atendendo ao dramático apêlo dos produtores planiciários o Govêrno Federal, após estudos de uma comissão téc– nica de sua confiança, decidiu majorar em 40% os preços da borracha amazônica. Em Editorial sõbre o assunto, divulgado no dia imediato ao decreto do Presidente da República, asseverávamos que o aumento de preços constituis mero paliativo. Serveria, apenas, para atenuar e nunca para eliminar a crise no mercado gomüero, cujas raízes são profundas. E acentuávamos: "Ela ressurgirá a qualquer momento. Para debelá-la, de uma vez por tôdas, careceríamos de medidas realmente dimensionadas no tempo e no espaço". E eis que apenas quarenta e poucos dias depois o marechal Costa e Silva volta a se preocupar com o problema. O aumento contrariou os interêsses dos industriais sulinos, cuja sêde de lucro embora a razão patriótica, a ponto de torná-los surdos ao clamor de bons brasileiros pela integração da Amazônia à realida• de econômica do Pais. É fato que a impnvidência nos fêz descurar dos métodos cien· tíficos de cultivo da "hevea brasiliensis". E, hoje, o custo de produção de nosso principal sustentáculo econômico é bem superior ao do si• milar estrangeiro.

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