Revista da Academia Paraense de Letras 1968
122 RODRIGUES PINAGÉ Nem o de José -do Patrocínio, deixando silenciar a estrepitosa salva de palmas com que o povo baiano recebia o ardoroso tribuno abolicionista, para murmurar: "Pareço ouvir palpitar o coração da Pátria!". Nem o de Francisco Camerino o ·herói do Paraguai, gravemen– te ferido e glorificado pelo seu batalhão, exclamando: "Ou morre um home na lida, feliz, coberto de glória, ou surge um homem, com vida, mostrando em cada ferida o hino de uma vitória!". Clóvis de Moraes Rêgo, meu irmão espiritual: Permita o Senhor dos mundos, que, nesta cerimônia eu me utilize da inspirada 0.strofe de Casemiro de Abreu: "Se, entre as rosas das minhas "Primaveras", houver rosas gentfs, de espinhos nuas; Se o futuro atirar-me algumas palmas, as palmas do c_antor são todas tuas!". Exmas. Senhoras. Exmos. Senhores. --x-- Mau grado, o Tempo, êsse teatrólogo invisivel, já esteja escre– vendo com a tinta branca dos meus cabelos o drama teleológico do Adeus, isso pouco importa, porque,. somente •• l quando morrerem todos os canários e não houver mais hinos na floresta; Quando em meus versos não houver mais festa nem alegria de viver; Quando os anos que passam, me negarem o sorriso do filho, o bem da espôsa, findará minha estrada côr de rosa! r·· Então . . . Começarei a envelhecer! Praza aos céus, que as profusas palmas desta noite sejam a qualquer dia, a qualquer momento, os -Urlos ornamentais do meu último espetáculo, na terra!
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