Revista da Academia Paraense de Letras 1968

116 AUGUSTO MEIRA ·. cífico e ir hoje de Porto Rico, no Atlântico, ao Havaí e às Philippi– nas no longínquo Pacífico, fasendo-se à .sombra dessa liberdade ins– titucional, sempre fecunda e nunca susp·eitada, uma das mais pode– rosas nações da terra. Ella é a grande semeadora da áemocracia, do regimen das leis e que deu a Washington, ao lado de Leónidas, uma das maiores projecções da grandesa humana, em tôdas às edades. Não mais ·é preciso. Faço o vosso · merecido louvor. Soldado, homem de lettras jurídicas, há também, em vosso ·coração uma alma de poeta. Permitti que, quebrando o vosso segrêdo, recite eu nesta occasião, como jóia de fino preço, o bello soneto de vossa feitura a que destes o título de "Crepusculo" e em que vos revelaes, em mo– mento .mtimo, à aquella creatura singular que povoava o _vosso co– ração : Sob um sangrento sol expira o dia.. . Serenamente ·fria, a noite desce Para envolver na escuridão sombria A terra immensa que desapparece. Na santidade de uma ardente prece, Beijos de amor, a mansa nostalgia Que no meu peito, cândida, adormece. O espaço negro; o teu perfil querido Chega-se a mim cariciosamente E alguma coisa canta-me. . . sentido ! Quero retel-o e elle se vae tranquillo E a contemplal-o fico tristemente Na illusão doce de tornar a ouvil-o ! Senhor Ismaelino de Castro. É preciso cuidado. A poesia é um~ sereia. Lenibrae-vos de que Odysseus para fugir às sereias fasia-se amarrar no mastro do seu navi'J ::ôncavo e tapava com firmêsa os ouvido~ para não ouvil-as. Lembrae-vos ainda, de Torquato Tasso, quando na Jerusalém Liber– tarta, uarrr. o peregrino episódio daquella celebre Armida '}Ue dis– trahia os guerreiros. A poesia é assim. Corôa-se de voses e tem sandálias d e ouro. Tem os lábios de mel, o olhar em ·chamma e os seios em flor são

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