Revista da Academia Paraense de Letras 1968
108 AUGUSTO MEIRA Sr. Ismaelino de Castro. Em pleno coração da Asia central, a muitos mil metros de al– titude, de distâncias sem têrmo, erguidos para o céu, apparecem no horisonte mysterioso, os templos e os zimborios de ouro de Mes– ched, a Cidade Santa,· adormecida entre palmeiras. Para alli, todos os annos, convergem os peregrinos piedosos de todos os quadrantes. Pelos caminhos, em marcha, se vêem aqui, alli e mais além enfilei– radas, "as pedras peregrinas", rochedos maiores e menores, que os fiéis atràvés· de annos e mais anos; vão lentamente le11ando às gran– des construções radiosas da Cidade Santa. Cada fiel que passa em– penha o seu esfôrço em fazer marchar um nada que seja, aquelles blocos por vêzes em molhes pesadíssimos. É a fé, também alli, trans– portando as montanhas. Dir-se-ia que a noss!:\- Academia também se formou assim. Cada qual dos que aqui penetram, uns de longe, ou– tros de mais perto, vêem trazendo uma parte da construção final. Muito tempo a traz, houve uma'··tentativa de fundar-se uma Academia de Letras no Pará, como existe na Capital ua República e pelos diversos Estados do Brasil. Essa tentativa porém, mallogrou– se, desappareceu. O emprehendimento frustrou-se, por completo, por circunstâncias que é excusado singularizar neste momento. Muitos annos depois, a idéia voltou a preocupar as lettras paraenses e então, esta Academia se fundou com firmesa, trazendo comsigo a fé cons– tante de persistir e viver, confiança que agora se . revigora com o advento de vossa valia, ingressando para o nosso grêmio. Vindes constituir uma das columnas mais firmes de nossa ins– tituição. Preencheis o lugar vasio, a cadeira que tem como patrono êsse famoso paraense, de complicado nome, Felippe Alberto Patroni Martins Maciel Parente. Estudava elle em Coimbra, quando s~ntiu-se envolvido nos acontecimentos que alevantaram Portugal, num movi– mento revolucionário que inspiravam as idéas liberaes, que desciam dêsse novo Sinae, que foi a Revolução Franceza. De suas revoltas sombras, fumo, chammas e braseiro surgiram com as novas táboas da lei : os direitos do homem. Permiti que num relance ao menos, eu irmane ao dia da que– da da Bastilha, o dia longínquo de Pharsalia. De muito, os romanos se inspirando nos gregos, tinham feito a República, como um allívio ao despotismo dos reis e pedra angular da grandeza política e mili– tar dos romanos. Em Pharsalia, destroçado Pompeu e logo (>,póz de– golado no Egypto pelo trama de Pothín, desapparecido Calão em útica e batidos Cassio e Brutus em Philppes, a República desappa– receu. Superpôz-se o império, o poderio <'le um só, o despotismo, o "sit pro ratione voluntas" e a liberdade vôou espavorida de todos os . .• . . . : . . .. ii
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