Revista da Academia Paraense de Letras 1957

62 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS modestos conhecimentos dessas ciências, e, por que não dizer, tam– bém de "Psicopatologia", foram adquiridos em vossos livros, especial– mente aquele que me oferecestes, com uma dedicatória muito signi– ficativa para mim, e que é - "Doença e Constituição de Machado de Assis". A vossa estada em nossa cidade, a "cidade verde", como vos ex– pressastes, no dia de vossa chegada, faz-me lembrar a viagem que fizestes a "Santa Maria de Belém", em maio de 1948, precisamente _há oito anos, quando tivestes o ensejo de estar em nossa casa, dando– nos a honra de vossa visita que ainda recordo com saudade: êsse "sen– timento que tem sido cantado e decantado, vestido e revestido de todos os lauréis e louvaminhas, perfumado com as essenciais buscadas e ra– ras de todos os turíbulos da língua portuguêsa, êsse têrmo que só de ciciá-lo desfalece e quebranta a alma humana". Essa "sôdade" do ca– boclo sertanejo, que tem desafiado a todos os sinônimos, em línguas estrangeiras, porque ainda é privativo da língua portuguêsa, expri– mindo com nitidez um sentimento universal". . Meus colegas, este momento de felicidade que estamos vivendo, nesta sessão solene, devemos a iniciativa feliz da Acaàemia Paraense de Lêtras e do Instituto de Odontopedagógico, que não mediram es– forços e nem sacrifícios para que tivessemas esta grande oportunida– de, de ouvir a palavra brilhante de uma figura tão notável ,tão sim– ples, como é a do professor Peregrino Júnior. O conferencista de hoje é também nosso colega, pois se formou pela nossa Faculdade de Odontologia. E' riograndense do nqrte, por constituição, porque nasceu em Natal. Carioca por temperamento, porque exerce suas funções no Rio de Janeiro, é paraense, por cará– ter e inteligência, porque foi nesta cidade que fez os alicerces de sua formação moral, trabalhando e estudando, como môço pobre que era e continua sendo, porque a ciência, meus amigo:;, é incompatível com. a riqueza. Em Belém, se me não falha a memória, foi redator-chefe da re– vista social "A Semana", juntamente com o acadêmico Osvaldo Orico. Fez parte, como reporter, da redação do jornal - "Folha do Norte", onde começou sua vida como jornalista e escritor. Transferindo-se para a Capital da República, foi em busca de novos conhecimentos para o seu espírito irriquieto de investigador e de gênio. Nessa cidade, naturalmente, lutando com muita dificuldade, resolveu seguir o con– selho do pai de Charcot, notável psiquiatra francês, quando pediu ao seu filho Jean Charcot, que seguisse a carreira de médico, porque era o mais inteligente e observador dos seus três filhos. E Peregrino Júnior, sendo um homem inteligente e observador por vocação, ingress~u. na Fac~ldade de Medicina do Rio de Janei– ro, diplomando-se medico. Contmuando sempre a estudar, fez-se ca– tedrático de uma das cadeiras de Clínica Médica, na Universidade do Brasil. Foi discípulo amado do professor Rocha Vaz, dedicando-se à En– docrinologia e à Biotipologia. Como professor, informou-me o colega dr. Joaquim Borges, que foi seu aluno no curso de "Endocrinologia aplicada à Odontologia", realizado ano passado, no Rio de Janeiro, e, eu mesmo, posso avaliar, pela sua prosa agradável e vasta cultura científica e !iteraria que é um professor fluente, portador de uma rica corrente de pensamentos, que se entrelaçam com a beleza de imagens colhidas na literatura. Enfim, é um professor científico e literário que não cansa o seu audi– tório. E' membro da Academia Brasileira de Lêtras, e seu atual presi- d

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