Revista da Academia Paraense de Letras 1957

54 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS espírito, e Pinagé, encanta-nos com a delicia dos seus poemas por êle interpretados, tal como o faziam os poetas da velha Hélade. Eu também entrava nos debates evocativos, cheios de saudades do tem– po em que tinha mocidade de sobra e os bolsos bem vazios . . . Peregrino encerra seu magnífico "show" contando êste episódio: Poucos di.!1s antes de embarcar para Belém, apareceu-lhe no consultó– rio médico uma linda boneca tropicalmente paraense. Depois da .consulta, ela não se contém e diz-lhe, meio tímida e inteiramente sincera: ~ "Estou gostando do senhor. Sabe por que? Mamãe fala até hoje com admiração no Dr. Peregrino.. . " O espanto do poeta e prosador que a tudo isso ouviª, sem atinar .nem compreender as razões daquelas perguntas, toma vulto quando o liÍldo broto, despedindo-se, fez-lhe esta última indagação, meio desolada : -"Por que o sr. não casou com a mamãe?!" A nossa noite boêmia foi a de saudade de tanta coisa destruída pelo tempo. Todavia, ela também será recordada mais tardé. As horas felizes da vida perpetuam-se na imaginação da gente. Peregrino Júnior voltou ao. Rio querendo ainda ·muito mais sua terra adotiva, que não envelheceu para o seu coração. .. . / r •

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