Revista da Academia Paraense de Letras 1957

P,• • .REVISTA 1>A ACADEMIA P:ARAENSE .I>E LETRAS 5:~ Esplendor Li.terárjo ' · ·ne EDGAR PROENÇA Na s-emana finda houve. dois dias -d.e grande esplendor literário e :artístico com .a presença de P.eregrirro ,Júnior, ilustre presidente da Academia Brasileira de Lêtras. Veio à nossa terra convidado pela Academia Paraense de Lêtras, que vive uma fase nova, entregue ao ·dinamismo e coragem espartana de 'Brunb de Menezes, o pdeta· glorio– so de cabelos cheios de neve mentirosa, ·pois a sua mocidade não se extingue; do trabalho pertinaz, sereno e inteligente .do brilhante historiador >Ernesto Cruz; da ·energia moça, sonhadora' e heróiéa do talentoso Georgerror Franco; <enfim, de um punhado de energias que ,espanaram ·a poeira Hterárla que pairava sôbre o Silogeu. Peregrlno Júnior foi alvo merecido de tôdas essas homenagens. A sessão solene na sede da Academia Paraense de ·Letta~ foi à altura de qualquer amblente de elevado nível cultural. A entrega d~ co– mendas de sõcios fundadores a Pau1o Maranhão, ·mestre dos mestres 'do jornalismo braslleiro; Manuel Lobato, outra pena que traçou emo– cionantes páginas de sentimento e beleza; Augusto Melra, a quem Peregrino Júnior fez um hino à sua marcante personalidade de ju– 'rísta, acentuando -que a sua atividade mental, por êle nunca aban'– donada, era a de poeta. Afora êsse·s momentos de indelevei prazer espiritual, encerrando o ciclo de t antas alegrias ,a festa de arte no Teatro da Paz, quando se exibiram valores a rtísticos de nossa terra, desde a beleza da voz nova e feliz de Dilma Couto ate a expressão artística tradicionalmente conhecida de Helena Nobre e da brilhante llelena Coêlho. Findo o espetàculo, mestre Peregrino e os "imortais" de nossa Academia, todos já apeados das responsabilidades das grandes fes– tas, foram reviver antigas horas boêmicas no Bar Soberané ,da Con– dor, que se debruça no tranqüilo e enorme Rio Guamà, onde apare– cia uma o u outra luz indecisa das .igar1té:s, que deslizavam ao :Sabot <l.e uma brisa cheia de amenidade. Peregrino revive, então, numa Dalestra enfeitada de ternura e saudade, os seus tempos de moço, quando começou a vida profissional de imprensa, simples repórter da "Fôlha do Norte". Fez-nos sentir as intraduzíveis emoções que tem exper.imentadô nestes poúcbs dias que vieram interromper sua ausência ·de trinta e seis anos afastado.e: de nós, sem esquecer o mais leve epi~ódio de sua juventude. E lem– brou o futebol desenfreado no ;pátio do Ginàsio "Pàis de Carvalho", as suas brigas corporais e passageiras com alguns colegas, hoje es~ quecidos; as suas namoradas qu êle acentuou, com certo espírito, algumas delas, hoje, já o~eradas de netos; lembrou ainda uma carrei-– ra assustada que me viu dar na Praça da Republica, quando eu começava meu namoro com a minha dileta companheira de hoje, carreira fugitiva de todo namorado que não quer se comprometer com os velhos de sua "deidade". A conversa prossegue animada. Bruno também fala dos seus amores. Georgenor de seu filho, que está a tôda hora presente no seu

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