Revista da Academia Paraense de Letras 1957

.. REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS (9 Homenagem ..à Academia da Academia do Pará Brasileira PROPOSTA DO ACAD:E.:MICO OSVALDO ORICO Em sua reunião ordinária de 3 de maio de 1956 a Academia Bra– sileira de Letras prestou expressiva homenagem à Academia Paraense de Letras. Inicialmente, o presidente Elmano Cardin comunicou encontrar– se em Belém, o acadêmico Peregrino Júnior, atendendo convite do Silogeu dêsse Estado, a fim de presidir a àiversas solenidades come– morativas ao 56.o aniversário de sua fundação. Na ordem do dia o acadêmico Osvaldo Orico pronunciou o se– guinte discurso: "Senhor Presidente: Conforme V. Excia. deu conhecimento à Casa, encontra-se em Belém do Pará a estas horas o nosso querido confrade Peregrino Júnior, convidado especialmente para a inaugu– ração das novas instalações da Academia Paraense de Letras. Não só o honroso convite, mas também uma devoção sentimental levam o nosso estillJ.a·.:io confrade às plagas amazônicas, de onde saira com o material armazenado para elaboração de sua importante obra de con-· quista como narrador de uma espécie de Amazônia que ainda nin– guém havia •sabido transmitir sem aquela demasia de linguagem que caracterizou a obra de Eucl:des da Cunha e de tantos outros escri– tores. Reagindo contra essa demasia no estilo da literatura amazônica, Peregrino Júnior logrou fixar aspectos inéditos, procurando mostrar uma outli;a Amazônia, que ninguém ainda tinha visto e observado e ao m esmo tempo foi portador da riqueza do ambiente, da convivência, da cordialidade e do afeto de todos aqueles companheiros que por lá ficaram. Ainda recentemente, escrevendo no suplemento literário de "O Jornal", sôbre o chamado "exercito do Pará", eu procurava trans– mitir aos leitores da Metrópole uma reação contra os escritores que yêm d~ ~~ à procura de uma situação nas letras da Metropole, pela 1mposs1b1lldade de fixar-se na terra em que nasceram. Falando sobre o meu caso, quando fui forçado a emigrar de Belém do Pará, porque a situação politica me era adversa, e me impeliu para o Rio de Janeiro, acrescentava que já hoje esse fenômeno está, talvez, superado, porque não há necessidade de sar da província para que o escritor J?OSSa legar à literatura uma obra cheia de observação, uma obra solida, duradoura, e apontava Gilberto Freyre, Luiz de Câmara Cascudo, e outros tantos escritores das províncias que não se haviam desloca~o para o Rio de Janeiro, resistindo à situação da Côrte e que consegui– ram dar à literatura do nosso tempo a mensagem do seu esfôrço, trabalho e cultura. De modo que deve ser uma grande satisfação para Peregrin~ Júnior, satisfação a que me associo nesta hora, podendo verificar que

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