Revista da Academia Paraense de Letras 1957

)) l ! ) REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 39 Longa Jornada Para Uma Gloriosa Ventur<J Agradecendo a homenagem que ~e foi prestada à tarde de 3 de maio, em sua residência, à Rua Silva Santos, 6, quando Peregrino Júnior, em nome da·Academia Paraense de Letras, lhe feZ' entrega da insígnia da imortalidade em prata e ouro, o acadêmico Manuel Lobato, um dos sócios fundadores do Silogeu, pronunciou o seguinte discurso, depois de se ·ter feito ouvir, em brilhante improviso, o Presidente do Senado das Letras Nacionais: . ' "Não sei se no agitado mundo em que vivemos, ainda há espaço para que se manifeste um velho coração que já. treslê, e até às vezes, chega a errar o compasso de sua andadura. Farei por encontrá-lo: estou entre amigos. Respiro em ambiente propício à compreensão. Bem próximo, deparo o vulto amigo de Peregrino Júnior, o vi– torioso das ciências e das letras, ocupante da Presidência em que o antecederam Machado de Assis e Ruy Barbosa... Mas permiti que evoque a quadra feliz em que era o mancebo, de maneiras delicadas e mansa voz, de olhar distraido e sonhador, inclinado a me sugerir uma colaboração para a sua "Guajlarina" ... Atendi-o com uns versos sob o título de "Velho tronco", acolhido com benevolência. O tronco não refloriu mais e acabou por secar inteiramente .. . A seguir, está Edgar Proença, a inteligência moça e prestativa, sempre posta ao ser– viço da cultura de sua' terra e de sua gente. Éle e Peregrino criadores de duas encantadoras simplicidades: "Os gravetos" e "A vida futil", que ninguém conseguiu imitar. . . Depois ,êsse moço, que um dia aqui surgiu sobraçando um livro de versos, não mais promessa, po!ém a afirmação de verdadeiro poeta. Do nosso encontro nasceu a amiza– de que perdura até hoje. Wenceslau costa. Quem mais? A figura insinuante e moça de escritor e poeta, que se afirma vitorioso de dia para dia, e que, compreensiva e delicada, comunica à isolada velhice a alegria do seu entusiasmo... Georgenor Franco. Quem mais vejo? Bruno. o querido Bruno de Menezes que ainda vislumbro, silen– cioso e atarefado, nas oficinas da "Semana", muito novo ainda, a paginar e a encadernar o alheio trabalho, êle, o rico produtor de tan– ta preciosidade! E, agora, o Pinagé, que se não concebe desarmado de sua feiticeira lira. Como me lembra Frederico Rhossard, fraternal amigo, capaz dos mais surpreendentes. improvisos. Por último, não porque se lhe minguem os talentos, mas pela ordem em que se colocou, o inspirado Jurandir Bezerra ,menor na idade, mas bem crescido no conceito e apreço gerais . E sois vós que vindes em comitiva, com o vitorioso Peregrino das grandes realizações, úteis e agradáveis ... Júnior,. o mais novo, sim o sempre e cada vez mais novo mágico da ficção e da cultura na– cionais, na insaciabilidade do esfôrço pela perfeição, acomodar sôbre o velho amigo a insígnia que perpetua aos meus olhos, que já se apa– gam, a concretização de vossa imensa generosidade ... Pecado, que é a inveja, nunca afeiou a minha alma. Jamais in– vej:ei alguém.

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