Revista da Academia Paraense de Letras 1957
38 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Dr. Peregrino Júnior. Por sabermos que é sempre com um invencível sentimento de ternura que seus olhos evocativos se voltam para trás; por sabermos que V. Excia. se comove, longamente, embevecidamente, às vezes; somente em reviver, a sós, no seu isolamento quieto de solitário, dias que já lá se foram e que V. Excia. guarda na memória com uma saudade; por sabermos que pessoas e coisas, muitas vezes, vêm, tão vivas e flagrantes, à retina da imaginação de V. · · Excia. que nem sabe como se fica por horas a fio, a vê-las, a evocá-las, com um prazer doloroso e singular de quepi sofre e goza recordando; por sapermos tudo isso, é que conseguimos - e êsse milagre somente · seria conseguido, como foi, pela Academia Paraense de Letras, que vive spb a proteção de Nossa Senhora de Nazaré - é que conseguimos fazer reaparecer, numa autêntica ressurreição, no palco do Teatro da Paz, depois de 31 anos de não se apresentar pessoalinente ao público que a venera e adora, a consagrada cantora Helena Nobre, a glória da arte lírica do Pará - que V. Excia. conheceu, com ela participan– do de recitais artísticos, em 1919, em Belém. Acadêmico Peregrino Júnior. Acreditamos que V. Excia., na sua notável carreira de .intelectual, tenha recebido grandes homenagens. Mas nenhuma - permita a ousadia da afirmação - mas nenhuma igual a esta que hoje lhe presta a Academia Paraense de Letras. Porque esta festa é a home– nagem da alma de um povo, representado pelo que êle tem· de mais nobre, de elevado e de superior na sua cultura e na sua arte, à alma de um homem que, se um dia, compreendendo a inutilidade da lira., rasgou os versos e abjurou a poesia, não poderá deixar, depois de sen– tir êste espetáculo de luz, de ·poesia e de enc.antamento, de .empu– nhar novamente a lira para amar eternamente. a Poesia". i / . ) {
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