Revista da Academia Paraense de Letras 1957
28 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ----- ---- - Friza o nosso imortal Eustáquio de Azevedo, justificando ou pro– curando justificar a falta de conhecimento da vida intelectual para– ense, que - "é curta a nossa história literária si bem que tenhamos representante dela desde o século XVIII". E cita para robustecer a sua conclusão que, naquela éra, podia– mos citar como autênticos cultores das letras, na fase agitada da colônia, o poeta Bento de figueiredo Tenreiro Aranha, o bispo dom Romualdo de Seixas e o patriota Felipe Patroni. Do primeiro e do último, possuímos na nossa Biblioteca e Arquivo Público, as peças mais preciosas que nos puderam legar: as OBRAS LITERARIAS DE BENTO DE FIGUEIREDO TENREIRO ARANHA, livro editado em 1850, por iniciativa do seu filho João Batista, e os manuscritos de Patroni, conjunto heterogeneo, revelando já, aquêle confusionismo de ideias, característico do estado mental em que se debatia, e que o havia de matar, completamente louco. Mas Patroni deixou fincado no Pará, o marco da sua inteligência, representado no primeiro jornal que se editou na colônia: "O PA– RAENSE". Foi como vergastou o despotismo reino!, representado num dos seus delegados, o general José Maria de Moura; foi como agitou, no seu tempo, a flama do nacionalismo, e implantou a idéia constitucio– nal; foi como deu corpo ao sentimento de resistência à opressão, e como fez desenvolver no coração dos homens da sua éra, o amor e o respeito pela liberdade. De dom Romualdo de Seixas dizia um dos seus biógrafos: - . "que manejava com tanta habilidade a linguagem da tribuna sagra– ' da, como a da tribuna profana". Não há, entre o tempo que medeia os idos da conquista e os da emancipação política do Pará do jugo luzitano, mais nomes a des– . tacar no cenário da cultura paraense. Vilhena Alves e Severino Bezerra de Albuquerque fizeram-se con– tinuadores em Belém, do indianismo de Gonçalves Dias, como bem bem acentúa Eustáquio de Azevedo. Da escola sertaneja faziam parte Juvenal Tavares e Bruno Seabra, liderando o movimento que tomava vulto nas letras regionais. Em Vilhena Alves encontramos as mesmas emoções que inspira– ram Juvenal Tavares, irmanando-os nas tendências, identificando-os nos têmas que escolhiam Dara os seus devâneios líricos. São de Vilhena Alves estes cantos, feitos em 1868: "Nasci nestas selvas, do vento aos zunidos, Ouvindo os rugidos da onça feroz; Sou livre, sou forte, nas guerras potente, Pois sou descendente de ilustres avós!" Juvenal Tavares identificou-se, com êstes versos: "Nasci nesta zona ardente, Tive meu berço inocente Nas margens do Tocantins; Os favônios m'embalaram Nos seus eternos festins, Eu criei-me nas florestas, Lá onde paixões funestas Não medram no coração... " J Q ..J , O • ' ( 1 n
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