Revista da Academia Paraense de Letras 1957

•26 REVISTA DA "ACADEMIÃ PARAENSE DE LETRAS Vinde olhar, vinde ver a Amazônia da ,1ái:i e do muiraquitan - a pedra verde 'iara... ·. l)o cuJ,:Upira horrendo e do boto audacioso, do Uirapurú que atrái pelo canto formoso. Das ilhas repousando à flôr da água corrente..• Dos relampagos maus, brigando no sol poente. Dos periantãs atrás das canaranas tontas de descer na vasante e subir nas repontas... Da pororoca à foz do vale, aos solavancos, urrando nos baixios; destruindo barrancos. ,Do plasma aluviano e das metamorfoses... Da água do Equ~or, chorando em altas vozes. Da gleba que descobre a mais densa floresta perdidamente a rir dos passaros em festa. Do ouro negro a briJhar da cabeça até os pés do rio-mar inhalando a flôr dos mururés. Dos grandes castanhais nadando nas enchentes do Tocantins a atnar sobre perolas quentes! Vinde ver os n·oticulos e os protoooarios iluminando o mar ·dos peixes solitarios · errando sem destino em meio a noite morna que o Cruzeiro do Sul se espreguiçando adorna! Vinde olhar, meus irmãos de longinquos paises, a terra que restou pra vo·s fazer felizes. . A terra que abrolhou num mistério profundo, predestinada a ser o celeiro do mundo construido por vós, filhos de estranhas terras, cansados de sofrer a incompreensão das guerras. A terra que de ouvir a~ águas tantos anos, traz no peit'o, escorrend 1 0 . o pranto dos oceanos. A terra que será pelo· seu sentimento a Nação do futuro, a Pátria do momento, glória do meu Brasil, témplo da natureza, onde Deus escreveu a Bíblia da Beleza t N. R. - tste poema to{ deciamado péia àutoi'à, ãcàdemfoti Adalcinda. Camarão, na festa de 4 de maio de 1956, no Teatro da Paz. o í f l (' ) ,.:

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