Revista da Academia Paraense de Letras 1957

' º REVIS'l'A DA AcADEMIA PARAENSE DE L];TRA$... 33.: Ve I ha de GEORGENOR FRÁNCO (Aos meus irmãos Edgar, Sarita, Aldenor,,Neleid~, Guiomarina e Neusa, aos meus filhos Géo e Maria. de Betânia e à Herminia, esta página., cJ:e ~;udade e enwç·ão). " . , Velha c!Ula , .. . 400 o teu número . • · e dentro de ti 16 de minha vida. Aqui ,está a bênção de mamãe, . e neste quarto o arrependimento de papai. · · Nesta sala, o perdão que .e.u neguei, nesta alcova a história de 'um destino•. Na varanda, a minha: glória de ser ·homem, neste quarto, a aleluia de Betânia e o Natal mais bonito do meu Géo. E aqui, o rom3:.nce que nã9 finda na multiplicaçao d·e tantas esperanças. Velha casa, na mais movimentada avenida de Belém, tu guardas nas paredes e nas portas, nas janelas, nos quartos, no quintal, tôda a história sentimental de meu destino. Foi aqui que chorei minhas saudades, foi ali que cantei minhas ilusões. E tu, velha varanda mosaicada onde a poesia foi cantada e enaltecida, guardas na poeira do teu chão, todo o ouro da lama dos destinos. .. . ·· , E na rebeldia dos meus sonhos sem tamanho foi dentro de ti que escrevi, entre feliz e desv~nturado, .os mais belos poemas dentro da noite e dentro dela os mais belos versos de ternura e sofrimento. Velha casa, hoj~ te deixo, mas tu irás comigo pela vida afora como a afirmação eloquente do meu sonho e a gloriosa reafirmação de meu ideal. Trago-te nalma. Guardas em teu seio os soluços magoados de mamãe e a sêde de ternura de meu pai. Em teu chão calquei meus desencantos e os meus filhos deram os primeiros passos mais seguros • Há úmidade de lágrimas em tuas paredes . ·e ·há o resplendor de caricias no teu chão. · •

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