Revista da Academia Paraense de Letras 1957

2.2· ~EVISTA DA 4,CADEMlA.P~~S~ .PE J,ETRAS. Felicidade de GEORGENOR FRANCO E êle perguntou ao homem incompreendido: "Poeta, em que lugar do mundo, em que pedaço da terr:a ... 1 ou no coração de quem está a felicidade . . que procuras, que cantas e que exaltas?" E. ~quêle homem estraJJ.40 e inqonipreerj.dido, alongando o olhar nos .longes -sem fim, sorriu um ~orriso sem'côr e p.~o disse nada. . ' ,.: ... ::",. Anos depois, aqueJ.à mesma voz falou: r',. "Poeta, andei, fiz longas caminhadas, •·. ·: feri as mãos em espinhos, · alucinei-me em sonhos, . _pratiquei o bem com a alma ajoelhaqa e não encontrei, nem na Qôr nem na alegria, nem na solidão nem na renúncia, . .... a felicidade que procuras, que cantas .e que exaltas . . E ficas ainda calado, mudo, e. não me dizes nada?" E aquêle homem, estranho e incompreendido, alongando o olhar nos ,longes sem fim, • .sorriu um sorriso sem côr, e falou: "Hom~m, que sonhas, .<iue queres ~ que amas, se tudo é mentira e tudo se resume em nada, fiz da felicidade a dôr maior da vida, enchendo de esperanças as almas desgraçadas. Repara: quem não sofre não pensa na felicidade. Somente os que se castigam, no horror de ,sonhos vãos, esperam eternamente um am!lnhã que nunca chega. Dizem as mulheres que aquilo que procur~, que eu canto e que eu exalto, mora na minha alma, na alma dos poet.as, . ou na saudade que fica de cada amor que pti,ssa ... " N. R. - ~ste poema foi declamado pelo prof. Adelermo Matos, diretor do Conservatório de Belas Artes do Pará, na. festa de 3 âe maio . · (i

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