Revista da Academia Paraense de Letras 1957

20 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Cântico Planiciório WENCESLAU COSTA Amazônia! , Fascinação gloriosa do Equador! Minha terra que sonhas, sob os astros, no tálamo sutil dos paranás lendários! Tumultuária planicie do Esplendor, onde ilhas verdes ,como contas de rosários, dormem, entre o clarão das luas de alabastros. Amazônia! São as águas que vão rolando para o Atlântico, águas da côr do sol e côres das baunilhas ... E' o imenso rio, em florações egrégias, arrastando nas ondas, como sem cântico, o sortilégio das vitórias régias, em multiplicações de maravilhas. Glebn. virgem, de pórtico encantado! Vinde todos ouvir a orquestração bravia dás rudas catadupas, e vinde vêr, pelas florestas, ao clangôr dos ventos, numa orgia, o desvairar das folhas do ·El-Dorado 1 e a sedução perpétua das estrêlas. Sob o encanto sonâmbulo da flóra, uirapurus, em rima, cantam ao palpitar da lenda, em cada aurora. 1 Engrinaldam-te os sonhos mais utópicos, e no tórrido poema do teu clima, na opulência do verde que te veste, em tôda· a olente vastidão agreste, erra a embriaguez magnüica dos trópicos. Sonho-te a redenção, ó grande selva, que as belezas edênicas evócas ! E entre o láteo prantear das seringueiras, quando o homem te vencer o sólo hostíl e os aradõs cantarem sôbre a relva, às sinfonias do bramir das poroiócas e ao som do hino triunfal das cachoeiras, serás o coração e os nervos do Brasil! (Esta poesia foi declamada pelo professor Adelermo Matos, na sessão lítero-musical realizada no, dia 4 de maio de 1956, no Teatro da Paz) . Q eff l r f I t

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0