Revista da Academia Paraense de Letras 1957

REVISTA DA ACADEMIA P~NSE DE LETRAS 15 Violões do Brasil de RODRIGUES PINAGÉ -Ao- mavioso violonista JOEL PEREmA -Qual foi a fonte que te deu hinos? Qual a cascata que te ensinou? Por que teus dedos - dez peregrinos - são dez poemas que Deus sonhou? Tu que me inspiras tanta pureza, e que me remoças o coração, talvez não saibas que a Natureza canta nas cordas de wn violão! Talvez não saibas, ó ·ba rdo, quando tocas e os anjos vêm te escutar, . se são teus dedos que estão cantando, ou, se as suas cordas, a soluçar!- Quando no peito dos infelizes plangem seis cordas de violões, fecham-se tôdas as cicatrizes, florescem tôdas as ilusões! Quel' no silêncio, pelas igrejas, quer na harmonia, pelos salões, seis cordas dizem: - Bendito sej•as! com a mesma angústia dos carrilhões! Seis monjas de ouro, de sombras dúbias; Seis peregrinas visões celestes, quE:, às vezes, trôam, como as inúbias, e, as vezes, gemem, como os ciprestes! Se as luas cheias, no chão projetam. sombras errantes de dois mortais São seis artistas quando interprétam dramas de amores transcendentais! E quando, à noite, dolente e brando, wn violão plange, pelo ar sutil, escuto e creio que estão cantando tôdas as aves do meu Brasil! N. R. - Êste poema foi declamado na f esta de 3 de maio pela sta . Maria Brigido, aluna do conservatório de Belas Artes do Pará. l

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