Revista da Academia Paraense de Letras 1957

10 REvlsTA DA Acru>EMIA PARAENS:& DE LETRAS: nhãs, pela "Fôlha do Norte", que não havia no volume um só verso que estivesse certo . "Lucidio fez vibrar no Pará uma nova nota poética transpor– tando para a Planície o espírito associativo dos granues centros. F'un– dou revistas, ensaiou cenáculos. Foi um instante 'Cie luz, uma poeira doirada que brilhou ao sol do trópico. Guardo ainda nas minhas es– tantes numeros esparsos de "Efemeris", o mensário em que êle con– vocou a presença intelectual das figuras mais expressivas da inteli– gência nortista naquela época: Tito Franco, Paulo M:aranhão, Eurico Vale, Andrade Queiroz, Luiz e Qarl9s Estêvão, Alvaro Adolfo, Jucá Filho, Raimundo Morais, Severino Silva, I. Xavier de Carvalho, Iv.iai-a– nhão Sobrinho, Péricles de Morais, Alvaro Maia, Jonas da Silva, Ge– nésio Cavalcanti, Nunes Pereira, Remigio Fernandez, Augusto Meira. Dejard de ~endonça, Emilio de Macêdo, Angione Costa, etc. Forma– vam a seu lado uma Academia amazônica, integrados todos na mol– dura verde da terra, ainda mesmo aquêles que ali representavam ou– tras zonas do trópico" . . "Falava como um príncipe ou como um mago. De vez em quando, porém, l~vava o lenço à bôca para tossir; e naquela tosse - Santo Deus! - naquela tosse mal podia eu imaginar que lhe ia a mocidade, a vida, dando razão ao fatalismo do destino, segundo o qual "os Jo– vens são os eleitos dos deuses". "Um dia tomou um vapor, dizendo-nos que ia visitar Teresina. sua cidade natal, a cidade dos poetas, banhada por aquele famoso Parnaíba dos versos de Da Costa e Silva. Disse-nos adeus com o lenço, prometendo que _voltari~. E ~nganou-nos a todos : Não foi somente.ª Teresina. Foi alem, muito alem, e perdeu-se de nos, para nunca mais voltar". "Com a ausência de Lucidio, perdíamos um companheiro, um mes– tre, um guia". "Era pessoal e inconfundível a sua modulação l:irica. Sua fisiono– mia poética, definida nos poemas da Vida Obscura, traia ainda sinais da influência simbolista, mas já era um esfôrço deliberado e cons– ciente de libertação e renovação. Enriqueceu-se Lucidio, e revigorou– se no convívio dos seus mestres prediletos, mas nunca se evadiu do& nfrcleos iniciais de sua natureza humana e de sua sensibilidade lírica. "Pertencendo a uma estirpe de poetas, filho de homem de lêtras, sobrinho da poetisa D. Amélia de Freitas_Bevilacqua, irmão do poeta Alcides Freitas, veio para a vida com o dom generoso da Poesia. E as jazidas de onde af_lo!ava a sua ~oesi~, e_ram a da mais pura e ª!!iuc~a sensibilidade. Defmmdo o seu livro Vida Obscura", que tanto irr~– tava os nervos líricos e pa:rnasianos de Jacques Rôla, dizia Lucidio Freitas: "Vida de herói, vida de artista, Vida humilde e obscura, Vida vivida apenas na memória de uma grande saudade, que na própria saudade se enclausura". "Lucidio veio para a vida trazendo consigo a marca misteriosa dos que foram escalados para morrer cêdo. Pertencia à categoria d 'aqueles avisados que Maeterlink via surgirem do berço com "as mãos e a alma preparadas" e que, na rápida viagem, "se limitam a o o

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