Revista da Academia Paraense de Letras 1955

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 9Ô provns. Sentenclnr, Julgar. baseado em Ind ícios, ainda que veem en tes, é sempre perigoso, seja em direito, seja em med icina. Aqu i então, no ca so de Joa na, cu mpre t er r eceio d o perigo que represen ta tudo aquilo qu n ão é natura l, não é evidente, n ão é provado . Eu sei que a favor d ela o d outor t em em vista impetrar uma ordem de lH•.bcc•.s-corpus. Não deve rnzê-lo. A P ollcla não pretende prender a s uo. consti– tuinte . Quer apen as hospitalizá-la . Mas, por fôrça dêsse perigo de que lhe tenho fa lado. Foi por Isso que a Chefia d e Policia mandou-n os, d e p referência , a nós, médicos legistas, a fim d ~ t ratar raciona lmen te do caso de sua constituinte. DR . .LUIZ RAUL - Sim. Mas acompa n had os d e gu a rdas-c ivis q ue estilo ai fóra. DR. PINTO LOBO - Nem podia ser de out ro modo . Como Imped ir que Joan a ponh a em prática o q ue plan eja? Mantendo u m gua rda á porta. e out ro t\ en t rnda dn vlln. DR. LUIZ RAUL ·- Acho que vocês estão da ndo m uita importância a um perigo bastan te incer to. DR. PINTO LOBO - Como bastan te incer to ? J oa na é uma louca, doutor 1 Fique consclo disso. DR. LU1Z RAUL - Não é tal ! • DR. PINTO LOBO - Eu vou interrogá-la , m ais uma vez, em sua presença ! Não me conformo I T enho que o convencer d êsse perigo I o d ou tor, atina i. é u m homem d e <:u~tura e de bom senso (Indo até à porta no fu n do). Guarda ! ó gua rd a 1 (o gua rd,1 c1v11 aparece porta a o fu n do). , . . . ,. CÊNA II OS MESMOS E O GUARDA CIVIL GUARDA-CIVIL (batendo os calcanhares) - Pronto, doutor ! DR. PINTO LOBO - Vá lá den tro e diga à mocinha J oana que venh a até a qui conõsco ! GUARDA-CIVIL (batendo os calcanha res) - Pois não. dou tor ! (sal porta à esquerd a; um silêmclo. en tra o ;p.mrda-clvll porta à csqucrcln acompa nhado d e J oana) . CÊNA lll OS MESMOS, O GUARDA E J OANA GUARDA-CIVIL (batendo os calcan h ares) 1 Pront o, doutor (indica Joana ; n outro tom ). Vou lá dentro tomar um cafézinho (volta-se e sai. porta n esquerda). CÊNA IV OS MESMOS, MENOS O GUARDA DR. PINTO LOBO (n Jonnn que est á cm silêncio dlnn tc cliiie) - Enti\o? Já vo.-i esquecend o n sua Mninn dcu n ? J OANA (sorrindo com sim.plic!clnde e no m esmo tempo êxtase) - Como é poeRlVP.l, dou tor.? Ji:-me tão lmpossivel esquecer Mnlanclcun como ~nlvcz scjn lm- poesivel no dóu tor conccbé•lo. ! · DR. PINTO LOBO (!10 d r . Luiz Raul) - Eln nté BC expresso. b em. Tem até uma l\ngu uge1n litcrúrln, certa ên fnoe ! DR . LUIZ RAUL - Eln foi sempre multo estutlloss. Quando desapareceu 1 !~ estava no q uin to nno d um curso prlrn1'tt-io·-'ÍnuHo bem nprovclcnrlo . P es,lo os 0 a non q ue lê multo. DR. PINTO LOBO - Slm . Mns essa !lngu naom, ce!I!\ ênfase é, em .toclo O caso. 11ntu rni nela. li: a ênfase dos degenerad os. DR. LUIZ RAUL - E dos oradores também (o dou tor Xavier Vale ri). ta- DR. PINTO LOBO (dirig indo-se à J oa n n) - Então a senhora era perfei mente feliz em Miliandeun . JOANA (extático) - Mniandeua é a fellcidaae suprema 1 DR. PINTO LOBO (astu tamente ) - E por que voltou, então ? JOANA - Porque os meus, e os outros, nflo eram felizes, como eu . Eu queria q ue êles fôsse-m felizes, também .

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0