Revista da Academia Paraense de Letras 1955

08 REVISTA DA ACADEMLA PARAENSE DE LETRAS à Mal d ua eonfort.âvelmente. de perguntar-lhe sl porventura não poderia Ir a n e 1 avlil.o ri~)· LUIZ RAUL (rindo também ) _ Como si para. alcançar- o paralao _não · sã dotao Convém não encarar o easo ~1go- fõese preciso ras,gar os pés. Mes o ane . ~ Pinto Lobo oue as anedotas n ão roae.me ~te e.o pé da !Aetrat. ~abea,~n~t~e~~°ntae'. n ão é invenção da minha cons- fazem outra cousa. U opa, . -· d .... B de. na I ncUa confúcio e Le.u- d J · oue d•go eu > - es...e u , -- , ~;t~!."C:~~.\ sS:.::iª d-;;v!da m~to ~ntes dêles, os eternos re!ormad~res ':,~tl~~d~~ e cr•actores de !é Já !a..!e.·,am numa terra promeUcla, nwn reino, numa num·, Ja rdL'll de d&liclaG. E não tem vindo os reformadores a fazer outro cousa., história a fóra. . 1 e!erlu- PR P INTO t'OBO - Ferdão, roeu c~o doutor. J esus, por esemp o, r se a um ·reino do céu, roas conseguido depois da mor te, depois de uma_vlda bem vivida. Ga utama.. o Buda. a meu vér, all)da !ol melhor. O Nirvana dote é aqui na terra... é? DR. LUIZ RAUL - E, por ocaso, Malandeua também nã,o o DR PINTO LOBO - N4o bá comparação. O Nirvana é aqui na terra, mas dentro d~ nós mesmos. Ê no humano tumulto, a divina tranquilidade do <coraçáo. :t a tão mal compreendida ataraxia dos eP\<;urlstas, superior a hon-1v·e1 aJ)atla dos estó!cos. É aceitar tõdas as coisas com esplrlto sereno. Aceitar com a mesma t ra noutla tõ,rça o prazer e a dôr . Possuir, sem se deixar possuir. li!io se abster, a bsolutamente do prazer. coroo queriam os estóicos, e coroo depois entenderam ôs mongen da Itália, com menos rigor, e os an;icoretas da Tobaldn, eram rigor du– plicado. Sabem vocês que Gautamn, o Buda, rompeu, n principio, com os discl– pulos, porque entendeu de não roais Jejuar . A nossa Joana porém quer attastar as criaturas a u m reino Ideal, mas não de modo Ideal. É o seu cr!me. Tiata-se, pois, de uma atividade perfeitamente supverslva, a çle J oana. Ela seria, portanto, criminosa, lncursa. nas sanções de nossa Lei de Se!!urança, se não fôsse louca ! DR. LUI Z RAÚL - Louca? DR. PINTO LOBO - Sim. Louca•! Mística deUrante ! Enferma da Imagi– n ação ! DR. LUIZ RAUL - Oh ! Os palavrões da ciência I Súo como as Injúrias cm direit o que não precisam Imputar fato definido para que constituam crime ! DR. PINTO LOBO - Mas quer você fatos roais perfeitamen te defünidos do que êsses ? Verlflque que a roistlca de sua constituinte não tem similar ·na his– tória. Podemos aproximá-la apenas. da mlstica de Moisés. Mas, por Isso, é que teremos de qualificar a atividade de Joana de política. Foi politlca a atitude mo– salca. Ê o que J oana pretende realmente realizar é uma espécie de êxodo. Onde ~e cUstlni:;uc do de Moisés é no !a to de o surpreendente movimento do massas, ~fctuado p elo grande líder hcbrnlco levar a uma região perfeita e geogràficnmcntc ctetermluada. ao passo que o de Joana conduz a penas a mérq oxtermi.nlo, a eui– cldio em série. Tenta a . nUvldadc do Joana, como outrórn a d e Moisés, contra n ordem estabelccldn, lnstlgn clcsobcdlêncla colctlvn às !ois do r~:rlmc Instaurado no pais. DR. LUIZ RAUL ·- E a AW\0tida de Fnwcct? DR. PINTO LOBO - Sim. Está ai uma cousa que se asscmclhn no coao que nos ocupa. É realm ente análogo. Nada aconteceu de sobrenatural ao Ilustre explorador lnlilês e n seus dois compa nheiros. Simplesmente, éles se encontram entre os indígen as da serra elo Roncador, de bom grado ou detidos, no caso ele não terem sido mortos. É cloro que nõo Lendo ocorr ido n última Jllp6tcsc. um dia podem regresaar . DR. LUIZ RAUL - MHG, para vocé .U'awcct é um doente mental. DR . PINTO LOBO - Não hã dú1•ida n enhuma, se quando ao -deitou â ex– ploração tinh a em vista a tal At lâ ntida em vez de simples desejo exploratório . DR. LUIZ RAUL - Não acredita. portnnto, você, naquilo que chamamos de sobren atural. m as que pocte ser multo natural, apenas descolll1ecido. DR. QINTO LOBO - Não se ~rata de acreditar ou não acreditar. Trata-se de saber se a cousa em que se crê é evidente ou não. i;; o teste cartesiano. Acre– ditar no que não é evidente, n aquilo que você cognomina de desconbecldo seria o menos se u ào fõsse o perigo que <lai pode decorrer. É claro que o evidente tam– bém pode constituir-se ci(l uma 11 usiío. Mos tem que nos satisfazer, como a prova cm direito, que pocle, por seu turno, constituir-se de uma falsidade . A evidência em medicina é como a prova cm direito. Tucto que n !io é evidente - o sobrcna tu- 1a1, por exemplo - é apen as simples Indicio. Convenhamos que as cbamndns vi– sões sobrenaturais sejam Indicies vocm en lcs. Mas sê.o IJ:1cticios : u!io constttuçm

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