Revista da Academia Paraense de Letras 1955

• f REVl S'rA DA ACADEMI A PARAENSE DE LETRAS 9q CÉNA IV OS.MESMOS, J OANA, GUARDAS- CIVíS, REPÓRTERES, CURIOSOS JOANA (dirigindo-se, como-rida, para comadre Nôca~ - l\,Iamãe ! (abraça-a.). COMADRE NóCA - Oh ! Joana ! ~!inha !!lha ! (Joana faz o gesto d e p edir a b&nç!lo, segurando-lhe a m/io para levar aos lé,blcs). Deus te ebençôe ! Oh ! ~lnh a !Ilha ! ll!!nha !!füe ! (parece sô sebsr dizer esses duas pa1aV1'8s) E apalpa o rosto, o corpo dl/- !!lha. tate,a,ndo como uma pobre cega). Parece~= son'ho ! Q,;endo tu desape.receste eu dlzle comigo : Parece um sonho I Mas, nao ! ;.gora é oüe oarece ,u!!l S.'lnhO, que eu sonho, que eu sonho ! Oh ! Minha !llb,a ! (e~ss.s ültlm"as palavras Já são ditas num murmúrio, estranguladas por um soluço; ela chora). JOANA (p rofundamente comovida. estreitando comadre Nóca ao coração) - Mam ãe ! (Tem os olhos sêcos. mas brilhantes de emoção Incontida: en t rn Peelro). CtNA V OS MESMOS E PEDRO P EDRO (colocando-se diance de J oana) - Joana ! (Joana estende-lh e a mão ). COMADRE NóCA (temen do que ela Já o não reconheça) - É o Pedro, m inha filha 1 JOANA Sim. É o Pedro. Como vais, Pedro ? PEDRO - E o que foi isso, J oana ? Que foi q ue te aconteceu ? JOANA (com singular veemên cia: todos se aproximam para ouvi-ln) Aconteceu-me a felicidad e suprema I Eu !ui pa ra Malandeua ! PEDRO (vivamente Inter essado) - Para Malandeua, J oana ? COMADRE NóCA (consternada) - Minha pobre filha ! J OANA - Sim. E estou aqui para levar comigo, de regresso. a todos vocês ! PEDRO - A tod os nós ? ' JOANA (com sin gula r veem ência) - A todos os que têm fome e querem ser alimen tados; os que sofrem e querem ser aliviad os; esperançados, os desespe– rndos; cu rados os ndoecielos. E n fim, os infelizes que vivem em buscn da feli– cidade. •PEDR O - E Mnlnndeun é a felicidade ? J OANA - Mninn deua é a felicidade? PEDRO (veemente) - E o am or. Jonnn ! E o nmor ? JOANA - Mnlnndeua é o amor. PEDRO (num êxtase) - Mainndeua ! A Felicidade ! o Amor ! . JOANA - Eu quer ia pn_r11 vocês n mnrnvllhn qur. me aconteceu ! Malnndeua o n rcl!cidnde supremo I Eu q ueria que vocês cxpcrlmcntasscm a fcllcidndc q ue cu consegui. Eu q ueria que !ôsse concedida a vocês, como O foi a mim, essa alta e el~vlnn graça : Mnlandeua ! i,; por isso que eu estou aqui ! Eu ven ho apontar a voccs o caminho ~n bem-aventurança. por mim encontrado ... PEDRO (em extase) - Ob ! J oana ! Se Isso fôsse verdade ! Amar! Ser feliz ! Mala nd eun ! A Felicidade ! O Amor 1 (todos apertam cada vez 1nais o cerco em tôn10 ele J oa n a, calados, In trigados, surpr esos, suspensos... ) (Plm do 2.0 ato) ATO TERCEIRO (MESMO CENARIO DOS PRIMEIROS ATOS) Ao levantar do pano t rês senhores vem dos fundos ela casa. porta à esquerda, conversando. São êles: o dr. P I NTO LOBO, o d r . XAVIER VALE e o dr. LUIZ RAUL . Ficam de pé no meio da sala conversando. CÊNA I DRS . PINTO LOBO, XAVIER VALE E LUIZ RAUL DR. PI NTO LOBO - Mas o fato cm si não tem nnda ele sobrenatural. Que hã nqul que !\1Ja ás lei& própriamente na~urais, ni\o me Cllrno acaso vocês?

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0