Revista da Academia Paraense de Letras 1955

94 REVISTA DA ACADEMIA PAR.<\ENSE DE LETRAS t os r icos os jornais n ão dão. Os jornais até chacota de nós ! O que se pa~a en 1 re espalhafato que êles fizeram sôbre o são dêles, comadre ! A comadre na~ dv u ~a , Era um tirar de fotografias, e per– casa de Joana? Não me sa iam aqu ~ ca ·de mim do pai de Joana, que !azia Buntas sôbre pergu~tas a r espeito da i°ana~ retra to 'no jornal... Não se lembra, até mêdo ! o próprio mano Manduca eve . comadre? 1 t COMADRE COLó - Prá mim parece que fo on em. . . ' Como o COIIIADRE NóCA _ f:. Parece que foi ontem !. .. Há sete anos. , (stispirn Endireita a costura. Movimenta a mãqulna. Um silêncio. tCOlPO passa . . A máquina trabalha. As ondas batem, batem). COMADRE COLó (reata ndo a conversa) - Como o tempo passa ! (Comadre ôca ára 11 máquina). Parece que foi ontem I E dêsse ontem para cá, quanta :usa ~ Benedito morto O "seu" Raimundo Calderelro morto, as filhas no ~mundo"· 0 "seu" EmÍdio sapateiro aleijado da queda do bonde; o filho da vizinha Ralmunda no Prata com a "'doença feia"; a vizinha Lulza no Domingos Freire; o Lulzlnho, da Sabá, no Cotljuba. COMADRE NóCA _ E verdade 1 /Noutro tom). E nós que dlziamos tanto o Pedro ln casar com a Joana ! Se lembra, comadre ? que COMADRE COLó _ Me lembro. me lembro ! Como não havia de me lem– brar? Eu fazia tanto gôsto nisso ! E Lorinna também ! (suspira). Mas, Deus não quis, paciência ! E, olhe que o Pedro gostava muito da Joana. c~madre I Ele ncou até multo Impressionado com o caso, a comadre não repa rou . Ficou, por multo tempo, assim a modo que melo nlesado ! COMADRE NóCA - 1::. Eu r epa rei. (Correrias do lado de fora. As pontes t remem sacudidas pelas correrias. Aparece, porta ao fundo, Ma tilde, acompanhada de crianças e curiosos). Cí':NA II AS MESMAS, MATILDE, CRIANÇAS E CURIOSOS MATILDE (agitando um jornal) - Mamãe Mamãe I Mamãe! Madrin ha Nóca ! Madrinha Nóca I A "Vespertina" traz aqui que uns pescadores de Mara– panlm acharam uma mocinha, despida, dentro de uma montaria, próximo de uma praia, e que disse chamar-se Joana, e morar em Belém, na Vila da Barca 1 Foi o ··seu" Zéca Taberneiro que me chamou para mostrar ! 1,; a Joana, madrinha Nóca 1 Só pode ser a Joana I Diz a "Vespertina" que os pescadores trouxeram a mocinha aqui para Belém, e que ela est~ na PoHcla. COMADRE COLó - Será passivei Isso, comadre ? (Apanha o jornal das miios de Matilde) . Será mesmo a Joana? (desdobra o Jornal). COMADRE NóCA - Não ! N!io creio I É cousa de jornal I Agora êles não largam mais a Joa na ! (debruça-se, todavia, sôbre n "Vespertina··, juntamente com comadre Coló). COMADRE COLó (depois de ler em voz a lta a noticia ) - Mas, quem sabe, comadre? Parece que, de fa to, é a Joa na 1 (passa o jorna'I á comadre Nóca) . MATILDE - É sim, mamãe I Tôda gente, por aqui, diz que é ela ! É ela 1 É ela , sim ! (ensaia uns passos de dança, requebrando-se tôdn, dando mostras de Intensa alegria. A crian çada, acompanhando-a , faz uma gritaria). COMADRE COLó (a Matilde) - Que é Isso, menina I Tenha modos de moça 1 (Matilde torna -se circu11spectn. A crian çada emudece . Entram vizinhas R nlmuncta e Sa bá). lJENA III OS MESMOS E VIZINHAS RAIMUNDA E SABA VI~ ~~ HA RAIMUNDA - E:,nl:_ã_o ? t: a J oan a , m esm o o irI <.i NHA SABA - Sim vlrtlnh a Nóca, é a ,Toana. mesmo ? Já se sane ? COMADRE Nó CA (en tregando o Jorn al à vlzln'ha Ratmunda) - Não eel o q ue a1gu. (Ouvem-se vo2es e passos fóra . AparPrr _Jnun a , acompanha da de guarrlnfl_• civis e repGn er,•a. A norta se ~J'lchu. T,1dos !icnn, oh54;rvando a <'êlla) . p Q ,. "' f

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