Revista da Academia Paraense de Letras 1955
92 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Corram !" correrias pelas pontes. As pontes tremem sncudldns pelas correrias) . COMADRE NóCA (empalldecendo) - Meu Deus l Que teria sido, comadre? COMADRE COLó (soturna) - A voz é do Pedro e das !Ilhas do Raimundo Caldereiro l Que teria havido, meu Deu s? (aproximando-se ambas da porta, desfi– guradas de suste). A cousa é para os lados do Curtume. Todos correm para ló.. Felizmente estou vendo o Raimundlnho com a MatUde. COMADRE NóCA (voltando-se para dentro tomada de terrível pressentimento) - É com a m inha filha, comadre I É com a Joana. COMADRE COLó (voltando-se também) - Deixe de tollce, comadre I Deus livre ! Porque que havia de ser com a Joa na ? Nem pense nisso ! Ndo ! Níi.o I Meu Deus ! (vê-se que ela diz ·ndo, mas que o terrível pressen timento de que é r eal– mente com n Jonna a dominn, e lhe embarga n voz. Por Isso ela repete, balxinJ10, como qut:rendo convencer a si mesma, mas sem o conseguir ). Não ! Não 1 COMADRE NóCA (olhando n comadre, e percebendo que ela também pres– sentiu a terrlvel verdade, e apenas não quer dizer, de horrorizada, nem a si pró– p ria) - ~: ! sim, comadre ! f: com a Joana ! É com a minha J oana ! O meu pres– &entimento não me engana ! Infelizmen te ! não me engana I Joana ! J oann I J oann ! Minha filha ! Minha pobre filha ! Com as mãos, na cabeça p recipita-se, soluçando, para a porta ao fundo) . COMADRE COLó (acompanhando-a) - Sossegue, comadre I Confie em Deus, comadre l Não hã de ser com sua !Ilha, comadre ! 'Fenha calma ! Vamos ver ! A gente sabe logo (Pedro entra pãlldo, a!llto, sem poder !alar , a olhar esgazeado para as d uns mulheres. Lã fóra contlnúa o tumulto. Vozes : "Para o lado do Curtume I Cuidado I A ãgua estã puchando multo ! Traz a canoa I Traz a canoa 1 Encosta ! Encosta !" Outros gritos lnlntellgfvels). C~NA II OS MESMOS E PEDRO COMAD&E COLó (preclpltndo-se para Pedro) - Pedro ? Que é que hou ve, meu filho? PEDRO (conseguindo falar, mas com a voz estran~ulada) - A Jo t lt l /1. Joana , que caiu n'água 1 " ana, a ... COMADRE COLó - Jesús ! Mas com'o foi, Pedro? Heim ? ( t COMAJ?RE NóCA - Milha filha ! Minha querida filha ! Perdi m inha filha 1 en ram vlzmha RAIMUNDA, vizinha LUIZA vizinha SABA outras vizinhas, crianças, curiosos. A casa enche). ' ' CÊNA III OS MESMOS E VIZINHOS, RAIMUND.4,, LUIZA. SABA, OUTRAS VI ZINHAS, CRIANÇAS, CURIOSOS ~i~~~ J;~UNDA - Tenha paciência, •lzlnha Nóca. vizinha Nóca. - Sim . Tenha conformidade com a vontade de Deus, COMADRE COLó - Depois, Inda não se sabe pa ra as mulheres que entraram) E tã · Ela pode ser salva (volta-se VIZJNHA SABA _ E ent- ·, i O tratando do salvamento dela, não é? dlo sapateiro, o caixeiro da tabao · onf!e em Deus, viz inha Nóca. O "seu" Em!– procurandc a Joana d esde O epr 11 1 3 ' 0 1 meu velho, 0 vlgln do Curtume cst!lo nligu n, • r me ro g ri to. COMA'DRE NóCA - Mas não I E 1 m ento não me engana I Eu pe;dl 1 • 1 u se I Está acabado ! O meu pressenti– minha filha I Eu não vejo mais m n/a filha I Perdi minha filha I i:les levaram meu Deus, ~unca mais I Nunca ;ai':'," 11 ª tllh a ! A minha Joana I Nunca mais, hirta, lntelrlçada, como mor ta sóbr~ ~eu Deus I Meu Deus I Meu Deus 1 (Cal vez entra mais gente. Lã fora cessaram soalho. A casa enche mais. Cada ondas, batendo de .encontro nos paus as vozes . Ouve-se apenas o escachõo das O pono cal rápido. que erguem n bar.raca acima d{\gunJ . (Flm d o 1.0 ato) • 't l
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