Revista da Academia Paraense de Letras 1955

90 REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS éitNA [ COMADRE COLó E COMADRE NOCA (A cên 2. está va.zia, ao levantar o pe.no . COI\J.ADRE COLó e.parece e.o fundo, n a porte. de entrada , e b?.te p alma.s, a o m esmo tempo que grita). COMADRE COLó (gritando ) - Com adre Nóca I Comadre l'l"oCfl. : COMADRE NOCA (apa recen do porta e ecqu erda) - A11 1 é a comadré Coló , Entr e,, come.dre ! • d CO~L-l.DRE COLó - A senho ra t&m Ut?} !.ósforo, ai, que oe ceda , c.om ,a r e I-Tóca ? o tes o d an ou-se pra n ii.o qucr Gr ece~ácr . _e astel os último& t rês ! óSloros oue t!nhe.. O Een ed!tc selu Eem m e de!.z:i.r dlr~e1ro. • COMADRE NO CA - Pois n ~o. comadre ! Vou buscar. "Seu " Ben edito Já está trabalhan do ? COMADRE COLó - Graças 11, Deus, com adre . O dr. Jorge a rranjou pra êle um lugar no Cur tu m e . (Comadre Noca sai, porta à esquerda : comadr e Coló, só, va i até à porta d a h abitação, g ritando p ara !ora ) MatUde ! Matilde ! Olha êsse menino ai! COMADRE NOCA (entra ndo , porta à esquerda) - Está aqu i o fósforo, co– madre ! (Entrega-lhe uma caixa dé fósforos ). COMADRE COLó (segu rando a cal:<a de fósforos) - Obrigado. J á lhe devolvo. (Indo até à porta , no fundo) Matilde ! Mat llde ! Pega a caixa de fósforo,l Acende o fogo. e p assa o café, q ue eu n ão demoro 1 (Entrega o fósforo a algu ém do Indo de fora: voltando-se p a ra a com adre Noca) . Mas n ão é, comadre , que n Matilde !a d e!xau do o R almúnd o cair n águ a. agora mesmo ? Se n ão fôsse eu gritar daqui aquela lesa tin h a deixado o irmão se afogar. COMADRE NOCA - Ah ! é um perigo ! Com essa maré cheia assim ! Tempo ruim êss.?, comadre ! A gente está sempre com cuidado n essas cria n ças ! COMADRE COLó - Sim . É verda de ... E por falar nisso , a sua, a J oan a ? COMADRE NOCA - Até n em sei, comadre . Ela anda por a í com o Pedro! Dois pra gosta rem de andar Juntos ! A minha J oan a e o Pedro . COMADRE COLó - l!:sses dois se a caba m CaSl!.ndo. COMADRE NOCA - Eu até Já disse que vou fazer o casa m ento dêles. COMADRE COLó - E n ão estlío escapes, n ão I E olhe que era uma bon cousa. O Pedro (não é por ser meu sobrinh o ). mas é um menino multo direito. Bom filho . É o h om en zinho da casa . Dá muito descanso à m an a Lorlnna . A sua m enina t am bém (não é por estar na su a presen ça) é uma menina que a gente gost a d e vêr. Menina de m odos. Quando os dois crescerem poderão multo bem se casa r ! Por que não ? (Nou t ro tom ) . Mas eu n ão sei como é q ue a com adre, deixa essa m en ina sair com uma maré dessas ! COMADRi:: NOCA - Eu deixei porque era com o Pedro. Mas estou realmen te com c uidado. COMADRE COLó - Pedro é uma crian ça . E, depois, com su a m enina h á aquilo q ue a comadre sabe . Ah ! si eu ti vesse uma filh:i, assim , diz-que perseguida por gente que n ão é dês te m u ndo, eu n fio deixava sa!r, p rincipalm en te p ara perto de :i~ u a . COMADRE NOCA (apreensiva) - f:. É multo perigoso (nproxlma -sc da Ja n ela ao !un do, e olha p ara !ôra, a nsiosa). COMADRE COLó - Qu ando h á essas águas grandes eu m e lem bro sempre da Joana. f: de quem eu me lembro logo . Eu, se fôsse a comadre, nú.o deixava J oana se afas tar de s i n êsse tem po ! Não está lembrada da m aré grande de m arço ? Qua n d o ela velo corren d o a dizer q ue tinha visto um casa l de fndlos bonitos b atendo a mão pra ela, chama ndo ela , d etràs do banh eiro do finado J oão Sousa'. per to d os a ça!zelros ? COMADRE NOCA - Estou. Estou lembrada . COMADRE; COLó - Pois, entã o I Não duvide, com adre ! COMADRE NOCA - Eu n ão duvido. Eu sempre Uve m u lto cuidado com J oa na, Justamente por causa dessas cousas. A comadre sabe que não é de hoje que o "man o•· Manduca .. . COMADRE COLó - "Seu" Ma nduca P ngé ? COMADRE NOCA - Sim. O Mnnctuca sempre ctlsse que eu t ivesse multo cuidado com a J o.a na . Desde q ue ela nnsceu que êle diz Isso . Que n Jonnn era m ulto querida ela g ente là clêle . Da gente do 1•1mdo, n senhora não sabo? COMADRE COLO - Eu sei.

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