Revista da Academia Paraense de Letras 1955
8 REVISTA 'OA ACADEMIA PARAEr.fSE I:1E LETRAS Este homem público, cuja obsessão era ser epitome da ciê ncia dos sete sábios da Grécia, discreteando sôbre todos os assuntos com os chefes dos servi– ·ços adminis trativos, representava, no seu primeiro quadriê nio, o mesmo pa pel de geléia resfriada com que apouca a função e se despersonaliza o sr. Moura Car– valho . Ao lado da vaidade, do esmero cultural, dedica va-se à extravagância de colecionar aqueles ornamentos do cola rinho masculino. O sr. Antônio Lemos, organizando a capangada, e o sr . Joaquim Bara ta, seguindo-lhe o rasto, a nos depois, foram,. apenas, macaqueadores reta-rdatà rios cte José Bonifácio de Andrada e Silva , O patriarca tinha , sabidamente, bofes in– fla-mà veis. Não se a peava do seu orgulho olimpico para replica r, em letra de rorma, à critica dos periodistas . Uma das suas vitimas foi o Malagueta, dono do semaná rio de idê ntica qualificação . Malagueta estoma.gara-o, e o Pat riarca escreve u-lhe um bilhe te , adve rtindo-o de que, na manhã seguinte, lhe faria uma visita. O jornalist a não teve dúvidas 2, respeito do que ia suceder. Familiariza– do com os seus processos, e homem previdente, aguerriu um grupo de camara– das, dispostos a da r e a apa nhar. Na hor a a,nunciada, em vez do visitante ilus – tre, apresentou-se na res idê ncia de Malagueta uma sequela f acinorosa, que foi chegando e metendo o cacête e o punho em quem encontrava . Malagueta ficou mutilado. O vigário de São Cristovam, que perten cia, ao ba ndo da resistê ncia - informa-nos Gondim da Fonseca - levou para o seu tabaco, sem grave ofe n– sa corporal, porque, cosido com o solo, à maneira de sáurio, se acovilha ra no vão do piano . Com o tirocinio mecâ n ico termiriado, procurei trabalho num dos "gaio– las" , o "P oumari", se bem rememoro, da Companhia Pará e Amazonas, que acabara de constituir-se. A seu bordo, percorri a modesta escalo do minha ca r– reira m arítima . Carvoeiro, no começo; foguista e cabo-foguista, depois, e pra ti– cante de máquinas, por último . No exercicio dessas va riadas tarefas, pervaguei os altos rios amazônicos. em cujas marge ns as cruzes tôscas da morte assinalavam os desp ojos, abandona– dos de muitos infelizes. P or lá fica-ra, também, minha mãe, quando e u ainda estava por contar os oit o a nos. Uma polinevrite impertinente obrigou-me a desem ba rcar em Ma naus. para trotar-me . A conselho de india m ezinheira,, emersa das brenhas do Tracua teua, de onde a troux eram, com um filho às costas e outro no vent re , os missionários da gentilidade, de pois de con sorciá-la a um Indígena da sua tribo, para conser– var, por e ndogamia, a raça dos seus maiores, fui acólito de monsenhor Amâncio. nas missas de a nte-manhã na igreja dos Remédios . A santa goza va, e ntre os choupaneiros do Vale, da voz pública de fa,zer sarar os beribéricos. Nunca des– prezei um bom conselho, apesar do rlfão que Gil Vicente comediou: "Dá-me tu a mim dinheiro e conselho ao demo". A verdade é que m e restabeleci, ou seja por milagre da minha fé, ou por obra das fricções de mara puama e flagelações cordiais de cipó muraqueteca nas pernas bambas. Aplicava-mas uma portugue– s inha viúva, de 23 anos - tetéia minhota de Viana do castelo. Descera comigo do Juruá, onde a morte lhe arrebatara o marido, e a quem eu .chuchava - m a– nhã e noite - gulosamente, o leite dos selos belos, que um parto Imaturo dei– x ara apojados. Era dieta da, curandeira, pa ra auxiliar o tratamento. O Duque d'Alba, de n egregada memória, mamava, na v elhice, para se alimenta r, e eu, na juve nt ude, para curar-me. r ijas. Ao retorna r à minha terra, levava os canelas em boa forma, andejas e O v elho Chico Livreir o, estabelecido no prédio fr on teiro uo palncété ciue -depois se cham ou azul, m esm o qua ndo e ra amarelo, convidava pelos jornais a quern desejasse aprender as a-r tes mecânicas de paut ador e e ncade rnador nas s uas oficinas . É um apotegrna universal 4ue o sabei• nüo ocupli esp nçõ ê, pol.' isAo, I)OR mais esses õo1s ~l·oveitoo no ll'lll\l ~11<lo.
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