Revista da Academia Paraense de Letras 1955

, l REVISTA DA ~ CADEMIA PARAENSE DE LETRAS 67 emoção, eis que m e a vivam as recordações de uma distante mocidade,,- n'll qual pessoalmente conheci o já e ntão senador Lauro Sodré -; quero -,voc.1r. a luz esplendente d2.quela aurora em que surgiu para a His tória Pátria o -npme venerado .do discípulo amlido de Benjamim Constant. · , · O estadista paraense. que ch egou a ter seu nome apontado p ara - Presi– ?ente da República, forma ra o seu espírito na época em que os versos íla p1c– Jantes do grande Castro Alves. nas "vozes de Africa" e n o "Navio Nee:reir o··. escoavam como brados trovejantes no ambiente mental da juventudn. ua ~eç u i,dr, Império . " Deus ! . . . ó Deus. onde está que não responde ! ? Em que mundo, em que estrela tu te escondes, . EmbuçP.dO nos céus ? "Há dois mil anos eu soluço c grito . . . Escuta o brado meu lá do infinito, •· Me u Deus ! Senhor meu Deus/'' La uro Sodré. Jibcr;,I educado na nntiga Escol;i Milit;tr. bet, endo as li~õ~J de civis1110: de· Benjamim Constant. desde aspira nt·e a ofiolal do Exé,dlo n áo pr1dia fice,r inctiícrcnte no meio cm que se ;igitavn a· caqtpanha nela Aboli<:ã0 do- ~ sc r,avatura . E nessa campa nha o então jovcn-i oficia entrou ·com• o a rd<:>r e _ li vibrnção de seu e ntusiasmo . E sua- atuação· cívic;i. como c~nv_l_etQ _,1bplicio– m~ ~- com eçou-a L auro Sodre, por volta de 1880 tendo s ido, como e.sc ~~ve o c011heciclo e estimado historlz.dor Ernesto Cruz ~minente Presidente dilste so- da licio, " um cios destemidos abolicionistas"-. ' · . : Em 1806, j á então segundo tenente de ;irtiJh9ri;i, com outros parnP.11$~3 Ilus tres, cooperou destaca dam ente n11 função do Clube Republican, do Jl~ra - E11:1 1888, · a 7 de Setembro, redigiu e enviou ao seu Estado um vcemc1J\ft. e brilha nte manifesto repuplicano que teve larga repercussão e decisiva infh1en • ela nos meios estudantis e entre o povo. . Qua,ndo, a 15 de Novembro de 1!189, foi proclamada a República, Laurn Sodre servi2, no Rio como Secretário de Benjamim Consta nt ao ser ,,rgantiado pelo ,c?eneralissimo Deodoro da Fonseca o Ministério do Govêrno Provisório. Na re ui:iiao do:l fundadores da República foi o seu nome apontado para a nova p11.sta da •l,lstruçao pública, dizendo Benjamim Constant, e.o indfcà-Jo, que se tratava do seu melhor discípulo, ao que Quintino Boca iuva atalhara dizendo: ",nas porque nomear-se o discípulo e não o mestre ? " Nomeado Benjamim Constant para essa pi:.sta, com êle foi servir como secretário o nosso preclaro hom11na– geado, deixando o cargo ao ser eleito para. pela primeira vez, vi,r presidir os di:stinos do Pará, como seu primeiro magistrado eleito na Repúblic_:i. O qu_e f~,. desde então, isto é, desde 1891 a ação do inovidàvel Lauro Sodre no Ilera. d_1zem-no as su11s Me nsagens, reunidas em dois volumes e inda os lnte:-essartes livros que publicou "Palavras e Atos" e "Cren ças ê Opiniões", n~s qu,),s a s_ua coragem cívica e a sua einexcedlvel honestidade mental expoem 8 crjtiça dos seu.s concidadãos, os seus ntos como administrador e as suas opi.iiücs cpmo pensador educado na escola filosófica positivista, mas afirmando lê dc,:nP, 11 S.– trando, por sues palavras e por seus atos, que não adotou a ort~dox10 r<•hglosa ~o _egrégio Augusto Comte, fundador da "Religião. da Hu_f".a~1dade" - E P?r ultimo, o seu livro "A República", em que conta curiosos ep1sod1os da fund11çao do regime, em que foi inegàvelmente, mágna-pars. _ • No prefácio do seu llvro "Çrenças e Opiniões", assim expoe L auro Sodré esta luminosa face ta de sua me ntalidade previlegiada : • "Mas eu não posso servir melhor a ca usa da democracia ~o que_ dando hoje, que sou Govêrno, a proteção da lei <! o amparo da Justiça a r<,llg-lao. queé e u não professo. mas que respeito e acato porque, além de tudo.. foi e:isa I' . f • dos primeiros dias da minha v ida, foi essa a religião dos -meus pais e a 11ldA e 3 !é , rdente da minha familia . ' . "De ntre os dogmas da democraci~.. tenho por fundamental esse_ q~e ons ina os Govêr nos a garantir os direitos sagrados da liberdade de ,•onsc 1 <;•1~.!ª • cm tôdas as suas múltip las manücstções. na ciência. na filosofia, na rch4iao. nas artes, livre a imprensa. livre a tribuna a cátedra livre". Lauro Sot.lrq - "Crenças e Opiniões - prefácio, pág . XX . . ll e nesse 111csmo livro, à pág. 289, o inesq uecível pa rncnse a.I1rma de 1 '1º u categórico : . . •'P"O "Eu n ão sou em filosofia , como nunca fui em política, um sccta. ,o .--- 0 d e ninguém". LAUllO SODRt N O GOVf;RNO VO l' AltA : . A passagem de La ur o Sodré p ela alta administração do Est~d~ d o P a_;·~: C;'JO Govêrno exerceu por duas vezes, foi caracterizada por especiais aJ!ençoes d1spensndas à solução dos grandes problemas estaduai s . Ja em sua primeira mensagem, dirigida ao Congresso Estadual em 30 de Outubro de 1891 o preclaro brasileiro assim se express2.va : . "Entre as despesas que reputo necessárias e considero grandc~e nte pro– dutivas. s ignHicnndo a preocupação da nossa prosperidade futura, f1guran} as

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