Revista da Academia Paraense de Letras 1955

o • Rl:JVIS'fA DA ACADEMIA PARAENSE Dll: Ll!l'fRAS ll5 "Essa conquista n ão se limitou, no entanto, aos episódios da exploração comercial, assentamento de casas-fortes e dominio sôbre o gentio . Ao con– trário, exerceu-se t ambém pela ação direta sôbre a terra., lavrada intensa – mente e ocupada através de um povoamento e colonização ordenados t écnica- . Fizeram-se. na base de planos traçados pel2,s autoridades portuquesas, imensas culturas de cacàu , cravo, algodão, café cana com que se fabricou açucar. /1. exportação dessas espécies movime ntou frotas respeitáveis. D2,vam-se prêmios aos lavradores . 'tsses lavradores, ora eram os caboclos resultantes da mestiça– gem com a mulher indlgena, ora eram os próprios índios que delxava.m as tRbas e se vinham localiza r nos povoados ribeirinhos, ora eram c2-blocos vindos de Portugal ou das ilhas dos Açores . Os ilhéus chegaram 2,os casais. Com êles se povoou Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Pois coni êles também se fez a ocupação do vale amazônico. Macapá e Bragança.. por exemplo. são duas cidades que fundaram. Trabalhadores de classe. cooper aram tenazmente na formação socia.l e no desenvolvimento econômico da Amazônia. "Pelas condições especiais da região, onde não havia caminhos terres-– tres ligando os centros urbano•. às propriedades agricolas ou de criação, mas unicamente os caminhos llquid 1s proporcionados p ela imensa b a=ia hidrográ– f ica, houve necessidade de criar-se a frota interior para todos os serviços de transporte. Montaram-se para tal. utilizando a. técnica nativa. pequenos esta– leiros, que produziam dia e noite as embarcações dos mais variados tipos para o uso diário dos colonos e das autorida,:ies. Em Belém. onde hoje é o Arcenal de Marinha e a Base Naval, antigo Hospicio de Fra nciscanos. construiu-se um arsenal de m aiores Proporções. onde se fizeram embarcacões de alto me-r: navios mercantes e de guerra. oara " armada- por tu1?Uesa. Só na última década do século XVITI, para exemplificar. à vista das possibilidades de guerra com a França e ataque à Guia na Fra ncesa. preparam-se ali qua tro fragatas. trés char– rua_s, três bergantins, doze chalupas artilhadas. Os operários, em número de 2. 000, eram caboclos paraenses, dirigidos por mestres portugueses . "Proclamada a Independência a Amazônia apesar do esfôrço que desen– volveram os portugueses para mantê-la consii?o, 0 incorporou-se ao Império. Para isso, lutou de a.rmas na mão, em lances heróicos de que só agora o pais vem tomando melhor conhecimento. Ao integrar-se no Imoé rio brasileiro, a Ama– zônia continuava, todavia. um espaço imenso. que exigia a execução de P_ro– vidências continuadas para que d eixasse de ser únicamente uma região exótica, de cêrca de quatro milhões de quilômetros quadrados, com uma população que alcançava a penas o meio milhão de habite.ntes. A política realistica que se exigia não foi no entanto. decretada. O Império nascente tinha pela frente un:a sé rie de problemas de caráter interno e externos que não permitiam atençao pa.ra os problemas da colinazação de suas várias á reas geo-econômicas". . . . A Amazônia não é. para quem a estuda com olhos de afeto, um simples "espaço tropical". É muito mais do que isso : é a re~ião previleglada de onde J1á de surgir um Brasil novo, veemente pela opulê ncia esmagadora dos recur– sos que, a proveitados, hão de transbordar daqui para o Sul, modifica ndo talvez a própria e orgulhosa clviHzação sulina, forçando-a a aceitar e reconhecer o concurso podernso dos amazônldas. dêste povo varonil que soube com o de nodo do seu patriotismo manter, luta ndo valentemente contra os inv2.sore~ e C';'ntra 0 abandono, a integridade territorial do Bras il e levando o seu hero1smo m exce– divei até lhe dila tar· as fronteiras ! A Amazõnia será no Bre.sil de amanhã, a f rente irradiadora de uma nova e ra de prosperidade e de progresso, que nos dará a tão anciosamente esperad~ independê ncia econômica, só alcançada no Mundo. e em todos os tempos, __ pelo~ povos que sabem dominar e aproveitar as riquezas da Terra . Esta . re_grno •'ª estava. no alvorecer dêstc Século, n a · vanguarda da Civilização brasileira· Os seus dois grand!!s e majestosos Teatr os. notáveis templos de arte, .foram conJ– truidos m ulto a ntes do Teatro Municipal. do Rio e do seu homónimo de s~~ Paulo. Aqui, e a Manáus aportavam as grandes compa nhias líricas do "Scadl~ de Milão e da "Grande ópera·• de Paris e os seguintes artistas da. "Come ie Francaise". e daqui, dest-0 Amazônia portentosa retornavam se~ afrontar .as viagens pa ra o Sul, passa ndo rumo a Buen()S Aires ao largo do Ri.o. de J a neiro para se não contaminan,m com a terr!vel febre amarela . .. O fasttg10 da Al:11:'· zónia, tenho disto a convicção, voltar:'\ em breve, não ::,penas p elo prestig;o dos oleodutos que lhe levarão pare, o Sul o petróleo de Nova _Olnda. i:nas pe a eclosão de um novo ciclo de racional a proveitamen to das suas riquezas imensas ! Não es tou deixando neste risonho vi-,ticinio, que o meu reconhecime nto pelo modo cava ll1clrismo com que f ui acolhido na Amazônia, me façn exagcr_ar, ou deixe que o meu raclocínio scjo do1ninado pelos razões do coração, sab 1 do t omo é que: "Notre cocur a des rr-isons qul la raison n'est connait pas . . . " N :lo ! E~t0u . r,p ..na~. neste breve cnsitio, unuJi·~ando o panoran:-a soci~l. ccQnQmico e polllico que hvjo ~e llOij apreijenta à observação. A adnuulblrai;ao

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