Revista da Academia Paraense de Letras 1955

UEVIS'J'A DA ACADEMIA l'AllAENSE DE LE'l'HAS 63 0 11 .ensaistas - conhecimentos da técnica das s uas especializações. Para s,.r pintor ou escultor, n ão é hoje preciso conhecer a técnica das côres. as noções de n erspectiva, ou a anatomia para não criar monstros na escultura ou na te!~.. Basta audácia elevada, ao máximo do aorô.io rumo ao absurdn. e uma bem orea– nizada propaeanda . Normas clássicas de beleza são hoje velharia~. passadismo. P a ra ser escritor. poeta, historiador. romancista ou ensaista . não é mais preciso conhecer na velha literatura os mestres do vernáculo. da linl!uaeem e do estilo. e nem s iouer a tíilosofia ou a métrioa . J á o mestre clássico dizia que : •cun sct trouvc toujours un autre sot qui l'ádmire", e dai os ad1niradnres das novas escole.s . Nossos pendores passadistas, devemos dizer, não nos imo-,dem de admira r os verdadeiros artistas da escola moderna - que os há e n ot~veis, Araújo Jorl!e, Oliveira Ribeiro Sobrinho. Rubens de Mendonca e no P a rá. Bruno de Menezes. Geori?enor ....,rAnco, ~odt:ie:ues Pioagé , Adalcinda Camarão e 2.\-'!uns outros desde a famni-.a ''Mlna Literária'' prec11rsora desta AcaderrJi;:\. Afinal o nosso profundo culto oelas normas clássicas da Pst ética, n ~o nos leva flO exal!êro de nel{ar o sentido humano das tendências rlos aposlolos de uma diferente concepcão da arte. qt:ando o artista. não pretenda impor-nos o a hstra– c-ionismo, incompreensível parn os observadores normais. que precisam ler o titulo d,i obra parn poder saber o que signifüca. Mas, aceitando como estudioso que ame, os bons livros e as velhas t radi– cões, aceitando a evolucão dps novas te ndências literãrias, eu di<!o. contudo, éom o <!enial Francisco de Castro. em seu anátema contra a vulgaridade que se quer al~andorar aos cenáculos da cultura : "Com o elemento m edíocre começa a ação corros iva. a b2,talha dos ver– mes no corpo ina nimado; o despenhamento profundo soh o martelo das raças decadentes. É o momento das aberrações literárias : os l evitas abe.ndonaram n santuário próxjmo: fech::-m-se pa.r:. a a rte ag perspP~tiv~s frPmentes de luz ·~ de vida : a est ética refuga dos seus tipos or1?ânicos "· flõr da beleza normal : a oer– versão do l!ôsto cria escola e prospera em discipulos : a envergadura dos can– dores, habituada a escala r os pináºculos a ndinos, passa. a ter por medida os surtos rasos de uma literatura de galinheiro. . "- A inferioridade esoiritual tem o seu relevante paoel "" mater,~.– lidade ou no industrialismo da vida prá tica . Mas penetre no território da vida sublime, e logo dea:enern nessa flore~cênc i11 malif!na. nue a cad;:-i jnstante cobra mais arrojo e toma mais licenca. até suplantar a cultura das idéiRs i?erais. ex– tinguir a cha.ma das inspirações s uperiores, cala r n as vozes proféticas do cora– cão as promessas do futuro . Nnda- resi•te ao cnntacto d~ tamarho flae-eto : dir-se-ia a sombra envenenada de uma flora maldita, tra.nsformando as vP.rdu– ras da terra, as fertilidades e medranças dos torrões abencoados. as novidades da natureza virgem. numa larga vej!etação de fôlhas mortais" . . O insigne Boile2.u. já havia. há cêrca de 300 a nos, estigmatizado os poetas e escritores vulgares nestes versos tornados célebres : · "Soyez plutôt maçon, si s'est votre talent Ouvrier estimé dans un art necessáire, Qu'scrivain du commun, et poéte vulgaire. Ou "'~ut aves honno11r remplix les seconds rani?s : Il est dans tout autre art des degrés diiferents : Mais dans l'art d a,ngereux de rimer et d'ecrlre. 11 n'est point de degrés du mediocre au pire". Aos escritores da Amazônia. notadamente aos do Pará. que têm lido e ainrl_:\ agora tem. ilus tres reoresentantes na Academia Brasileira de Letras. não se apli– cam essas c riticas. Há e ntre êles espíritos veementes, arrojados. mas que sempre ~cvel!1m apreciável c ultura e acendrado patriotismo. devendo-se a~ont,.r e n~ro c-les esses aoóstolos do iornaUsmo independente que é Paulo Mara nhao e os cin– tilantes periodistas Frederico Barata. Sant'Ana. Marques e B ianor P e nalber, sendo riêste último esta recente e violenta apóstr.ofe contra a ineficiência de alguns d(s~licentes representantes da Nacão, nesta legislatura.. isto _ à propósito. das varias comissões permanentes da Câmara dos Deputados que nao puderam amda se reunlr, por falta de comparecimento dos seus membros : "Trabalho h á, projetos que reclamam parece res, para poder~m a ndar .e chegar a plenário. o que n ão existe é oatriotismo, vontade ~e ser':'.'r ao Brasil. mas un~a preguiça invencível e uma tremenda lrres'?onsab1lldade . Eis a triste situação da mentalidade em nossos d12.s..contra a qual. a meu ver , as Academias de Letras precisam combater, mobllisando todos os seus elementos. O FASCiNIO DA 1\MAZôNio\ A Arna1.õnia sem que nibto possamos nt-gar II designação que lhe deu o Dr , f.rtl1U\' Cct.<,1l' JterreiP fü:i,; vov.to ,iuto1· de \an\us o tão r,recioso5 ensáioe

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