Revista da Academia Paraense de Letras 1955

GÓ REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS minutos o iria vitimar. Compreendeu imediatamente o quadro clinico e o in– terpretou com a sabedoria que o caracterizava, dizendo a sua espôsa que ''temia morrer subitamente". Não e ra a morte que o temorizava. A mor te. sabia muito bem o ilustre clinico, é uma fatalidade biologica. Naquele momento porém, de grandiosidade e de fé, para a sua alma religiosa, para a sua consciência formosíssima, faltava algum.a coisa que o acompanhasse até o além tumulo, talvez junto a si o sacerdote que lhe falava .de Deus e das coisas divinas no mo– mento em que se recolhia para interpretar o sentido da v ida dentro da nor1nn rigorosamente cristã. Com efeito, dentro em pouco, Orlando Lima entrega– va a sua alma ao Criador, tendo por testemunha da sua última agonia, ape– nas a sua fiel espôsa, pessúas da familia e um out,ro médico, que, chamado apressadamente nada mais pôde fazer diante do impre visto fata l q ue havia cortado a vida o eminente beletrista paraense. VlI Orlando Lima faleceu não tendo a inda completado 70 anos de idade. Po– ueria viver muito mais para maior 11atisfação de sua familia, para maior ale– gria dos seus amigos e admiradores, para maior utilidade dos que tanto ca.re – ciam da sua ciência e que tantos bene(lcios receberam da sua cultura animada, da sua inteligência fecunda e do seu saber profundo . Inclinemo-nos submissos ante os desígnios de Deus. P assou. e ntretanto, Orlando L ima, a sua vida, ouvindo gemidos de dores, e suspiros de esp era nças. Sentindo. outrossim, a alegria dos la res na felici– dade dos rebentos que mais tarde teriam de fundar outros tantos lares, sôbré os quais Orlando Lima ainda la nçou a s ua bênção, bênção de sábio experiente. bênção de amor e de frater nidade. que neste momento ji, terá constituído uma corôa de glória5 no céu, para assim perpetu!lr a sua memória n a terra. Na v ida de todos os homens c.élebres, há sempre alguns tropéços, algumas descaídas. por vezes, fraquezas e misérias. déntre as quais surge o grande homem, como sai uma flor da podridão do charco. A vida de Orlando Lima. porém foi suma-mente feliz; nenhuma folha, nenhum desvio ne nhuma infe– licidade turvou a placidez do lar onde viveu. na sua infância e do lar que ele mesmo construiu, esposando uma se nhora digna, da qual teve dois filhos Igual– m ente dignos, hoje com elevada representação social na sociedade brasileira. pois um dos filhos é médico na Capital da República, e a outra filha, é casada com o ilustre oftamologista paraense, dr. Aracy Barreto, que também já é uma glória da medicina indígena. VIU Orlando Lima, que ha,rmonizava com tanto a prumo e galhardia a ciência que ornava o seu grande espírito e a inquebrantável fé que o acalentava. se– gu iu pois a sua trajetorla durante a vida terrena, amando a ciência, cultivan– do com amor o idioma pátrio, honrado as crie,nc;as. A morte não o terja por– tanto, atemorizado com fundamen to, mesmo no seu lapidar conceito: aquêl~ que crê em Deus e na vida futura morre tranquilo se aqui nêste mundo hou– ver procedido de acôrdo com os ditames da religião cristã. T eve, pois, a morte do justo.- Orlando Lima, compa nheiro e amigo; os acadêmicos paraenses perderam em ti um excele nte amigo e um companheiro tida dos que nos seguirem e souberem amar as letras. P e-ra a sociedade pa– tlda cios que nos seguirem e souberem amar as letras. Para a sociedade wa– t·ae,1se, para a sociedade brasileira, para o mundo médico. para a tua fami– lia, o madrugada de 17 de julho do a no p , findo, foi apenas o dealbar de uma nova aurora. porquanto a entrada no Céu de tua alma in.corruptivel nos traz o p lena, consciência; da "imortalidade subjetiva". Orlando Lima não morreu; vive e viveri, na consciência do povo pal'aen– se a, quem soube amar e servir pela sua cultura Incomparável e pelo seu ca• .ráter inconfund!vol,

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