Revista da Academia Paraense de Letras 1955

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS 57 Porisso mesmo. foi sempre o dr. Orlando Lima. r eputado, um dos maio• res entre os mais afamados naquele setor da Medicina, onde se especializaram eminentes médicos brasileiros. III Outro aspecto inte ressante pelo qual se há de estudar a personalidade Hus– tre ele Orla ndo Lima, foi o seu grande amór ao idioma pátrio. O seu eslilo sóbrio, escorreito. elegante, e ncantava o leitor. A,; suas colaborações na "Fo– U1a tio Norte ", na anli,sa ''Provincia do Purú", e cn1 outros jornais e r ev istas tlu pais c do Cblra11geiro, ua.w a victan,e nte proc uradas e ,:n1udemoulc apre· dadas. Nao tlelx on o UJ', Orlando Lhua uma obra completa a 1·cspe ito de de– Lermiuado aG•uuto; ruas o ccu trab.tlho fraP.t1111c11tnrio e, à prlP1c1ra v1s la d1r,– persivo, putier ia e poctc rã cons tituir um notft vel r epositório de excelentes e variauos absuntos. cliguos de figurar 11uma anto!ogia brasileira. P or oca~iau tla Semana ::ianla, a "Folha do Nol'le" bri.ndava Ob seus lei– tor es i.U11avchnc ulc, co111 1nag11ificos artigos, lidos ;Jvidamcnlc pelos i11llu1e1·os leitores tlaquelc tradicional 1nalutinu, lnnto ruais purquc o e.Ir. Orlando Lüna1 t11tcg1·ado tle excepcionais a tributos rcligiotto:-., C!,<:rcvia aq ueles ar li~ub conl uma convicção admirável. e111ociouamlo o Ieito1· pela sinceridndc da sun cn,n– ço., pela IJeleza dos seus conceitos e pela siuccrjdatlc de s1•:t fé pul'issin1a . ~ a:=tsun. lc1nos U u1ão, entre ouLt·os. os trabalhos ··cristus CrucUixus". ··o Draina do Cal vário" e o pa radoxo divino, "Dierum Rex", "Na Sagrada Agonia", êste último, publicado pelas colunas do "O Estado do Pará". Admirável era com efeito Orla ndo Lima, qua ndo dava expansão aos seus eentimentos religiosos naquele estilo muito seu, que constituía a delicia es– pir itual dos seus muitos amigos e nume rosos admiradores. De uma feita, reall~ando uma conferência na Confederação Católica do Pa– rá, intitulada " A Ciência e a Fé", deu inicio ao seu lindo trabalho, com as seguintes palavras de Washjngton : "a Religião e a MoraHdade são esteios prin– cipais da prosperidade pública. O homem que procura sola par estas podero– sas colunas, só pode ser inimigo da Pátria". E concluindo, asseverava o emi– nente conferencista : "Aquele que crê em Deus e na vida futura morre t ran– quilo se aqui neste mundo houver proceclido de acórdo com os ditames da religião cristã. O incréu falece desesperado como um cão que de raiva dana, nenhum consolo encontrando na hora suprema, tal qual o homem que procedeu mal e ao qual a consciência morde, retirando-lhe o sono. Por mais voltas que dê no seu leito fôfo e m acio, não consegue dc>rmir pelo menos com a tranquilidade do justo". Grandemente viajado, conhecia o Bras il inteiro. as repúblicas da América do Sul, principalmente a Argentina. mantendo com os grandes sábios daquela nação irmã, o melhor intercâmbio cultural. Na Europa, a França. Portugal, a Itália. a Alemanha, lhe foram familin– ,.es. De Roma, a Cidade Et.erno, e nviou para os jornais tndigenas ns suas im– pressões magnificas. Viajou outrossim , até a Terra Santa. De lá cs:re veu, repetidamente, im· pressões admiráveis, publicadas em artigos ainda mais admráveis nos jornais indlgenas, aos quais prestava a sua honrosa colaboração. Lembro-me e ntre outras, da seguinte colaboro<;iio curiosa que deu lugar a uma narrativa que não posso deixar de r elembrnr a éste il ustre a uditoria : intitulava-se "Rosas de Jericó". E assim nal'l'a Orla ndo LJrna a curlooa leu· da oriental que de u ensa nchas ao seu traball10 : "Quem que por curiosidade, palmilhe os grandes baza1·cs orientais, so• bretudo os de Jer u1elém, há-de ter a vista atraída para aqueles grandes ta• boieiros onde jazem em profusão, fanadas e secas, as rosas de Jericó. Como qualquer outro itinerante oriental, àvido de novidades, chamou-me a atenção aquele punhado de í lôres que eu via por toda parte. Adquirindo alguns exem– plares, dispus-me a lhes indagar a virtude. "Elas são chamadas incorruptíveis, ctisse-me o guia. "Sóbre elas, anos e anos passam, secam, mas se as colocam

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