Revista da Academia Paraense de Letras 1955

54 REVISTA DA ACADEM!A PARAENSE DE LETRAS Pode ser que eu desejasse (môita, calminha) uma coisa safada, bem safada, mulheres louras, bebidas, por exemplo, ou dizer que estava firme e depois votar no outro candidato... Tudo· isso era bom, era possível. Mas pode ser que eu desejasse simplesmente uma liber dade de menino : - pisar na grama, fumar onde escrevessem "no smoking"... Por nada, não. (E' que a gente deve ser assim vez por outra um sujeito em– perreado ). E eu sei que tudo isso é necessário... E' sim senhor. E' necessário isso e outras coisas, como passar (me dêem licença) onde fôr proibida a entrada de pessôas estranhas... Se há uma coisa que eu invejo no vizinho (êle nem sabe) é aquele dom de chatear os outros... Deve ser bom eng·ordar de aborrecimento como êle e jogar até alta noite, com senhoras distintas, não a dinheiro, que é feio, mas ao paga feijão... Outra inveja que eu tenho é o Jânio Quadros: - Não tem chave, não; quem quiser entrar que entre na cidade ! Ora, se dá que nada disso é perdoável, não enche barriga, não adianta nem a mim, nem a ti, nem a ninguém... ...la-ri-la-lá... ~as estava na cabeça, e eu peguel di!::ce, disse e pronto, como está ai... Agm·a rligam : cria julzo ! Não crio! Tem vergonha ! - Não tenho. E' a tua! Pois é... m 'talvez que fôsse bom nascer no Harlém... Da nçar swing, tocar saxofone... Mas, pedreiro, no Harlém? Lavador de carros, no Harlém? Que seria desta péle d' Africa na louridão da América ? (J

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0