Revista da Academia Paraense de Letras 1955

50 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS saberem que a nossa capacidade de sentir é maior que a delas . E' o método prático e eficaz da reabilitação para conseguir a confiança da pessoa que querem. Se quem lhes serve aprecia sua. beleza física e se enlouquece com os seus carinhos, não procurando nos minutos infinitos de colóquios e das juras "-- divinos Instantes em que elas abrem a alma sem refletir - analisar seus séntimentos, tornam-se soberanas, e espezinham, humilha.m, desgradam o hoinem. E riem, gloriosas, mas não glorificadas, sôbre a dor futura que vão causar àquele que se ajoelha aos seus pés para beijar suas mãos. . . Fa.zem-nos as suas revelações, abrem-nos o livro do seu passado aos nossos olhos e quando sel;ltem que conhecemos seu mundo interior, amaldiçoam a lealdade com que nos folnrnm, por se s nbercm tóclln e p slcolôgicame nte dissecadas . A mulher só é verdadeiramente mulher quando está com a alma nua . Ninguém se iluda com a nudez do corpo . Por ca usa de forma de mulher muito homem tem perdido o juizo... Quando o corpo está livre das sedas ou das gazes, a alma esLó cob erta de colc has fortes e não de retalhos de pa no. . . Qua ndo vestidas, é possível que desnudem a alma. São solenes, graves, impetuosas, senão arbitrárias, quando se julgam com a razão . Vão ao infinito. Dizem tudo, mais do que deviam e seria prl!ciso dizer. E justillcam seus excessos alegando que disseram o que não sen– tiam. Tudo foi produto da exaltação e fôrça de expressão. E nós a.creditamos . Das situações lnfimas, fazem acontecimentos de projeção tamanha, que impres– sionam e despertam até a nossa piedade. Sempre e sempre, eterne.mente, se julgam com direitos sem ter devenes a cumprir. O menor que lhes compete fazei:', executam, mas vêm nêle um grande sacriflcio. Pelo fato de serem no mundo os únicos seres aos quais podemos amar, de serem as nossas costelas, para lembrar o luminoso Júlio Colares, entendem - e é dificílimo senão impos– sível demover - que não precisamos de mais nada. Elas, entretanto, sabem que nem só de amor se vive. Haja vista, que se cníelt,un, se íatasi2.111, passeiam, querem se dish'ait·, o que é justo, numa palavra - viver. Nós, não ! Além do trabalho - que multas encaram como motivo pa ra podermos enganá-las - da aumentação e do passeio indfapensável de ónibus pa ra o serviço e o lar, só– mente elas. Não precisamos de mais nada, nem da vida, uma vez que elas se julgam a nossa vida física, moral, material, espiritual e o que mais houver .. . Devemos ser animais e não homens. Há exemplos por aí de mulheres que cos– tumam sair, por necessidade ou a passeio, e deixam seus "queridos·· em casa., colno se fôssem passarinhos detidos numa_ gaiola doirada . . . Convém salientar que até mesmo ao sair por imperiosa neéessidade a lnulhe r vê nisso um mo– tivo e se e nfeita. Nunca trans põe a porla da rua sem se olhar :mies no espe– lho · · · Até quando choram, se o marido ou o pai lhes morreu, e nxucam os olhos com cuidado pa ra. não estragar a maquilagem. Nessa ocasião. de do1· e de on– gú sti:is para nós, mas de tantos pensamentos para elas, já zelam pelo beleza po1•que siio mulheres e a vida continua ... P erdoam, às vezes, mas querem humilha.r sempre. Quando se julgam vitimas de uma ingratidão, desesperam, vão ao crime, se possível . E se arrepedem, perante o altar de De us num sacri– Iéçfo sem nome, por não terem agido deshonestamento antes da dúvida que Ihés martiriza o ser • Porque geralmente as mulheres só nos fazem de ti teres quando se sabem donas e senhoras de nossa confia nça. An tes disso, fatalmente, nos .são leais· De posse de nossa irrestrita confiança, abusam, porque astúcia e IÍtbia lhes sobram, e porque "quem por último sabe é quem primeiro devia saber.. . " Van– gloriam-se de seus erros, porque nunca pra ticam uma ação re provável se1fl re– fletir · Isso nunca. Pensam, a.valiam a extensão do ato e executam-no. O que acontecer, tinha que acontecer. Essa é a filosofia feminina . Desconfiam de tô~a~ as suas semelhantes, nunca confiam no seu valor de mulhe res, porque se sal:>em feitas, Preparadas e amassadas de mentiras e conveniências. Se nos roub'.1ram de outra, de quem souberam sofrer por isso aí mesmo fazem o má– xin;io, pai·a ~onquistar nossa confiança e inspirar O noss~ amo~ até ao sacrifício. Q~,nd_o !!OS enganam nem se apercebem de nossa dor e nem se arrepedem. Encontram sempre um motivo jus to para atitudes desleais. Quando se sabem . lfl

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