Revista da Academia Paraense de Letras 1955
.. REVISTA DA ACADZMIA P ARAENSE DE LETRAS 49 R E T R A T O De GEORGENOR FRANGO Tôdas as mulheres são iguais . Invar iável · · - na essência no - e imutavelmellt e. No fundo rê ncia~ na habili~:~aeçao e na lóg'.ca . Varia_m, a pe nas e exclusivame nte, n a apa – nos b _e na maneira de agir . Apesar disso, vene ramo-las . 'Elas ticon ce em. nos criam. nos educam e sofrem por nós como m ães E nesse par cul~r repous~, sem d úvlde,, tôda a beleza sacrossan ta. do seu martirio Den– ~:~sda rmpre~tabi~dade da vida que. em v erdade, nada vale, elas são as ()nicas as aproveitáveis. P elo menos, d ão-nos coragem para lutar e nos pe rmitem a_ loucura ? e ~creditarmos na felicidade qua ndo inspiram o nosso amor . . . Mas, • sao _tõdas iguais• ~ opor tu nidade é tudo pa ra ele,s . Não q uerem nunca perder . A vitôrla é o seu ideal. Ob jetivam • a p osse, o domínio e O mando. Quando n ão 0 co'.'seguem_. tornam-se, às vezes, escravas e morrem , martirizadas. Para con– seguir seus intentos, nobres ou não, >fe,zem t udo, indo até ao sacr ificio. Amam 0 passado e o presente . O futuro não f oi feito 'para elas . T udo lhes é "o obje– . tlvo_ imediato" . A esperança é um motivo pa ra a poesia e o sonho, nunc2, um esteio para a conquist a da felicidade. Sonhem. sem dúvida, mas prá ticamente, porque a ilusão é um im pera tivo da vida e a té na velhice se sonha. Mente a m ulher com perfeição in áu dita, inqualificável. Rocha Moreira foi divino quando disse que e mu lher : "Mente com tal arte e tão a lta p erícia que a mentira não trai seu semb lante sereno". Com a mesma intensidade com que acariciam e se dedicam , insu1tam e ren unciam . A emoção não encontrn 2-:iasalho em sua alma. Apenas o extase, o prazer. Não pensam, porque pensar é uma virtude da pe rfeição . A per– feição para as mulher es consiste ú nicame nte na satisfação de seus caprichos. Além delas. mais ninguém, nem mesmo a fé - vlnho biblicô da esper&nca, La– mentável, porém, que tão cheias de s i niio sejam superiores quando devem se elevar . F alam o q ue seu desejo d iz, nunca o q ue sua alma sente . Com a mesm a volúpia com q ue beijarn Ôu com a m esm r. espontaneidade com que se sacri– ficam, mentem e a traiçoam . Era impossível. a liás, a existência da mentira sem a mulher . . . Nesse pa r ticular são espantosas e ninguém as suple,nta na natura- . lldade com que renunciam e na espetacular facilidade com que esquecem ou fingem esquecer . .. Riem com o m esm a naturalida <le com que choram . Conhe– cem divini:,men1e a ocasião em que o sor r Lso ven ce ou ::i l!igrima derrot a. SI! se julgam v ítimas de um n ln gra(idlín - e r,atls pio1' para a mulher do Gr.e n de r– rota no àn1cr - cnchem -.se tie ra7.:'.e:;j 1 p 10t"'l°Stnam ·d riadas q\,e , :lnteriormcnta, redu 1tr a1·,1 :1 n:id.!. 1..1ela prftt l, s ri ~ :ntH 1=r11 ft'!lnuo ,\rs.,~úJTJ o r1nm n p1'o0 t s& 0 d P fé de rtierritlarlc a!lnrn f.-l 10. e vúo n ú l1 lmn orn·vn do c:nnlnho riarr rno fl!ll':> pngnr na 111.;smn- moedn o s11pM I0 nu l'enl mnl que lhe fi1.crrun . S:thl'mos da ex is1~n cul t.le n111lhe res que dC$;hnnt·o 1n o lnr sup;b .. Lio1loclus pela idúin ciu1nen t ~1 rlc que o 1nnr idn ,, Ao lhe l! riel . . . Tn t~rC's !-:t1nl~ é t.tuc setnp-rc c lns 111es,, ,ns Ih'~ lev:}m à prúlicn de alus ou tros . Contrih uc n1 pa1·n isso e ~~mpre se conslde r:1m viil~nas. Que rem sempre c ngannt· e nunc:1 bCl' cltgnnndas. Qu:indo prcsse11~<!11' q ue lh es podem desp ir os sentime ntos. recolhem-se ao silêncio. :\s mcclltnCut!s. às an gústias e se veslém com as r oupagens imp1•essionantes das dedicações, dns renúncias, dos secr ífícios para domin:tr quem lhes conhece. no essência e no fundo . T razem gravado no âmago da memót·ia o gest ô humano de J esús per– doando Madalena . Consideram os homens autê nticos e pe rfeitos Sa t an azes . Mas qua ndo er ram, exigem que sejamos Jesús puriíican?º· com um gesto santo, a alma da prostituta glorificada na l3ib lla ... Agem assim , emocionalmente, por
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