Revista da Academia Paraense de Letras 1955

48 REVISTA Dt\ ACADEMIA PARAENSÊ! t>E LJ,:Q'RA8 Mal reconfortado das angústias dessa tragédia, Raul de Azevedo fixou– lhe os llmces convulsionados' nas páginas de cristalina translucidez ~e uma plaquette emocionante "ln Memo~iam" onde ce:lebra! p<_>r entre lágrimas, a memória do filho. O eposódio fatidico encerrara del'mlt1vamente a sua car– reira pdlítica. Mas não ficou inativo. Na adminstração dos Corveos e Te– légrafos do Amazonas e Acre, o s4pervisionad~r ultradinâm~co foi uma ~eve– lação de capacidade remodeladora e construtiva. 'Il~ansfendo para Juiz ~e Fóra pdr injunções das potestades triunfantes, deu tao cabal desempenho as suas 'funções que, a título de recompensa, o elevaram à categoria de diretor dos Correios e Telégrl)fos de São Paulo, e, logo em seguida, pelas mesmas razões, a de diretor regional dos Correios e Telégrafos da Capital da Re:pú– blica. O espaço restrito destas notas biográficas, escritas ao correr da pena, não comporta~ia a enumeração dos setores onde se: desenvolveram, em pro– veito dds serviços públicos, as suas notáveis atividades postais. Seja como fôr, o haver sido revoeado à at~vidade, por decreto do Govêrno Federal, no dia em quEs· se aposentara compulsoriamente, é a prova eloquente do ,valor e da eficiência do funcionário ilustre, cujo nome vale por um padrão de com– postura, ener gia e elevação moral. Exilado da política e dos seus imprevistos desfiladeiros, esquecido das paisages-ds rumorejantes do passado e vivendo no remanso do lar: que as três vraças peregrinas do seu enlevo paterno aleg:-am, perfumam e espiritualizam, haul de Azevedo tem os olhos voltados para a terra adotiva e serve-a ainda com extremado devotamento. Na direção da Casa do Amanozas, onde os ~-eus esforços se multiplicam em favor dos interêsses do Estado. da qual é órgão representativo, são inexcedíveis os requintes de sua fidalguia no acolher os parlamentares amazonenses, sem distinção de partidos, que a visitam, bem como em prestar ajuda aos conte rrâneos necessitados, que a procuram. Da intensa e fecunda operosidade que desenvolveu durante o Govêrno do digno sr. Leopoldo N~'Ves, eu dou o meu testemunho com a autoridade da função ele im~diata confiança que exerci, além dos documentos probantes que tenho em maos, demonstrando-lhe a lisura, a firmeza de caráter, a lealdade incor– ruptível posta à prova naquela honrada administra~ão. A nossa Academia de Letras, onde fulgura o seu retrato na galeria dos mais eminentes fundadores, deve-lhe, em grande parte, o esplendor de sua rettorescência aluai. Tudo tem feito nos ci.rculos intelectuais metropolitanos, em propaganda da inteligência e da cultura rios homens de letras amazônicos. Na t'ede1·ação das- Academias c!e Letras é o porta-voz do seu pensamento, dos seus ideais, de suas experiências liter árias, que se irradiam como parábolas luminosas através do estilo límpido e harmonioso de seus discurses- e con- 1erencias. Ainda agora, como se desconfiasse da perturbação do seu talento, não se deixou ficar estagnado, à margem dos acontecimentoE", contemplando tra n– (JUllam,-nte os louros do passado. Muito ao contrário, colabora assiduamente,, e c,, 111 o mesmo fulgor cl<, outrora nos mais cunceiluados períodos cariocas, e, ,te quando cm vez, faz ediwr e assume a direção de n:splcnd<:nlc!: e modernfs– ,.,i,,os m1,nsu1·ius, do molde de "Aspectos ", cujo fxito ele publicidade ninguem, urn,s c:squl•C,:ll. Todos os a nos, como se fõsse uma ta1·1!f11 a cumprir, aumenta <lt- 111a1s um volume a sua extensa bibliogrulia, como nêsLe instante, com a ª l~• 11 · 1 \."ao de ''Tei-ras e Homens", o livro not~vt::I que, pc1o poder cvocalitiv·o "!•~<.to a nobreza do pensamento, o inclúe na linh11gc111 principeFca cios mais J 11c1<los memora)istas das letras naciona is. •Eis, sumariamente esquematizados, alguns trechos- da vida dêsse-_ homcm rle acao ~ de sensibilidade que, não obscante haver e:scalado os cimos da mon– t«nha, nao estadeia os troféus de suas vitórias. É as!;im o escritor de alto es– pinto, que por se ter recusado a bebe·r o v inho ela imortalidade, ofe recido em i«ças dt; ou1·0, como ao r e i Salomão, de lenda rnus,sulmana, revivida pelo in– -:umpa ~·avet p1·osador dos " Destin o.s", não sofrerá o infortúnio c!e ficar como sobrev1v enle m~Iancólico das gf.•ra~6es que o glorificaram,

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