Revista da Academia Paraense de Letras 1955
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 45 Arte original e incomparáve l na arquitetura, feiçã o predominante do estilo do Crescen te, ehi. atesta sebejamente, o esmero e '\diantamento da cultura árabe . Aquêle conjunto de palácios que formam a cidadela. revela t raços de uma superior intelectualidade pttr pa rte da civilização mus ulmana . As nbobadns e pátios, como O dOli L eões. .,.s elegantíss imas colunas de ln vo res estranhos. dos sal ões e normes e mnjes tos. lendo alguns só duas Ias es corno pavin1cnto. - afirinan, un,a n 1cntalidade distinta. uma arte su1>rcn1ê-. me– recedora do, rc~pcito dos a rtis tas cris tãos. e que bas tam ,para atestar n i;lúri;. de uuta rac;a . Os j:H"dins do Gcncn.11i[c s:10 uma siR1plcs 111:1.rL'-Vill1a ro1nàn ficn, pu1ns res lus 1rnlan tcs ! quantos idillos ! Lanternas mu1ticores p endidas das i1rvoros. pal;,n. que.~ U(1u.idos nas clarci rv.s. pqra a represe ntação dos fandani;os - cenas reprc– ~c11latlvas da his tória moura; nas tardes cs tiwils. passeios pelas nlamêdas c nsul- 1Jrad11-S e mar!(inadns de arbustos ; solóquios amorosos nas grutas construidas no musslc;o das á r vores. tudo ali é profundamente espetral e evocativo, como se af(lll;ln vcsctação luxuriante e cheia de solidão. escondesse nns suas sombras, o cu.ílicu' fa ntasma de idz-des desaparecidas . .. Wn~h inçtc•n Irving. o geni;,1 escrit<.1r n ortc-amcricnno da ·•.\ Con quis ta t.lc Granada'♦• escreveu os '"Tales of _,\lhé.JJnb ra", coleção de le nctns ~-dn1irr', ·✓c.-is, que atraem ao local as maiores sumidades Intelectuais do tempo. e que mais que tudo. recordam a suntuosid 2 .de brilhante da côrte do antigo reino Sêrbere. As len adas do Alhambra são semelhantes às histórias de Scherazade, mas rnai~ graciosa e rC'manescamente contadas . Um vaço e penlrante odor de poesia se evola dessas lendas. d espertando ao leitor uma exquls ita sensação de curios idade evocativa. O distinto compositor Cláudio Debussy tem uma notável partitura intl– tulada " Uma festa cm Granada". em que a múslc& pr~cura com sucesso recons– tituir a Mourama. Ao percorrerem-se hoje os pátios cheios de claridade e de uma vaga tristeza, as e.lcovas perfumadas de mis térios, as salas cheios de lendas, tendo cm cada canto um passado ch~lo de fausto ; - no se t ra nsit~r pelos corredores _des– povoados dos palácios mouros. uma. reminiscência histórica. uma sauqs-de m te· lcctual, se se pode assim dizer. - acomete ao visita nte . ltle, se tiver imaginação ardente e poética fará surgir "cm mente". na– quêlcs sitios. i>- multidão da Cõrtc O a criadagem, os oficia;.. as damai;, os cor– tczãos de tóda a ordem a sultana, 0 Rei Mouro. Boabdil. jmponentc, cprcado, de numerosos aullcos . . . É a miragem . .. A evocação patenteie.ró o movimento intenso. p tinir das espadas. o r oçagar das sedas, os sons d e uma banda de música militar tocando num ~alão distante ... Por um momento. o vis itante se verá misturado na grande afluencta palaciana. mergulhado no faustoso esplendor da Córlc Serrucena ! Quanta magnificência ! ... Depois. n ilusiio cessa ; aque la fantasmagoria desaparece como por encanto, e é lc, snudosd . e a inda meio deslumbrado por tanto luzimento. vendo os lugnres de tamanho glória, consti?-tará que t udo nlinal não passqu de um sonho .. . 1,:, <kcc:vclour 11 1o. ~-onllnuarfl li caminhar vt1çarosnmcnlc, ouvindo apenas . \l 1·P.;:,oa1· do" µ r op lc'!.. pa~bo·,, pela b bu lab triLJLCb c d cucrtt•b • • • ---- J'
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