Revista da Academia Paraense de Letras 1955
REVIS'l'A DA ACADEMIA PARAENSE :OE LE'rRAS 37 frenlando tor!a a sorte de obstáculos e derrotismos por parte de um pequeno 1n·upn dP zoilos que se escondem à sombra da imnrodutividade e tentam como 11afanhotos r!izim"r as sementeiras que o Sodalicio está plantando n a seára das letras l?leblirias, Aoui está mais um empreendimento: a P.xposic;ão de nossa biblioteca. Um punhado dP livros. na sua maioria. de escritores paraenses ou aqui radi– <•ados e esoeciali?:;,dos em "s!'Untos da Amazônia. Compartilhamos dêsse mos– t.r11;\rio como colabora,,ão ro. brilhantt> t> patriótica iniciativa do sr. Diretor da Bibliote~a e Arquivo Público do Estado, na data marcante de um aconteci– mento pa,·a nós mbremant>ira ;,fetivo e memorável. A 21 dP junho de 1850, no municínio rle Camt>tá, dêste Estado, nasceu Luiz Demétrio Juvenal Taveres, o hornvi;u•eado de hoje, e, a 30 de junho de 1907, com a sua morte, emudeceu uma das liras sonorosas e peregrinas da poesia nativa, delicac-amente vibrarla nelos dedos de um trovador rle classe reconhecidamente glorüicado pelo Ta- 1<1:nto - o fogoso corsel dos 2ênios imortais. Se as contingentes vicissitudes da v ida sobrepuzeram-lhe no caminho a trave horizont.111 daouela ceita fi losófica dos inconoclatlls, que Zenão ensinav;i dPbaixo do pórticn de Atenas e fizi;·ram o saudoso burilador de " Pirilampos" adormecer sob a al ~idês teleológica de uma cova raza, a História en,:!rinaldou o nome e a obra do pranteado vate com os louros que os seus méritos con– quistaram, deixando a chami;•iar maravilhosamente na senda do jornalismo naraoara os lavort>s do St>u foliculário intransitivo, como rastos luminosos na trajetoria dos predestinados. Portador de imaginação nrevilegiac1a e fecunda, com acentuada pen– dência para a Poesia, Juvenal Tava res, iniciouºse na Arte rimada, publicando o seu p~imeiro livro " Pirilampos", sob os encomios da imprensa naciori~l que descobnu na obra do mavioso t rovador um verdade iro sentido de bras1lidade. Transcrevemos abaixo, um i;•xemplo do seu arclor cívico e do _seu pa– triolismo indisfarçável : À D. JZABEL, PRINCESA Ii\'JPERIAL REGENTE Eu sou a voz de um povo a ltaivo e soberano, aue na guerra tem sido intrepido guerreiro: Que tem sido na paz brioso e cavalheiro, buscando a per-feição, com â nsia, de ano a ano ; Sou filho dêsse povo enérgico e tão l hano: Leão - quebra grilhões: afagado - um cordeiro . .. Senhora, ouc;a : eu nasci do povo brasileiro, e, filho de tal pai .. . eu sou repu blicano. Como, pois, me curvar aos pés de uma princfõ•~? Como lôas cantar, com cheiros de nobreza, Seu eu quero ver no mundo ·o reino da igualdade'? Curvo-me, sim. ao Bem, e o canto satisfeito ! Se o vosso scetro pe3a, é sôbr e o preconceito: Brilha em vosso diadema o sol da liberdade ! Escutemos agora o cantor panteisla num trecho do seu poema aos rios c às florestas da Amazônia : ....... .. .... . .. ... .. ... ... ... ...... .. Florestas vossas aves me ensinaram os hinos que entoei ao romper d'alva. e os t renos que gemi pelo crepusculo. Meus gemido!:, ó Rios, e meus soluços, - quando, às vezes 1 soluço e qu,mdo gemo estudei nos murmunos que vós t e-ndes ou que têm vossa~ t repidas con~entes. Outros mestres nao tive, nem tão pnuco Uve ou.~ra cQl.l~u, al~m c!a N1;!.tur~~a,
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