Revista da Academia Paraense de Letras 1955

l UEVfSTA DA ACADEMIA PARAIDNSE DE LEl'l'RAS a bondade infinita de tua alma ! Tudo quanto de bom possui a Vida, tudo quanto de bom a Vida pode dar, seria pouco para te ofertar. Entretanto, bem sei que não iria acontecer assim ... Se alguma vez eu fosse rico, em vez de te levar aos lugares mais lindos e suntuosos, tu, mansamen~~, me darias a mão, e me conduzirias, mansamente, aos lugares mais tristes que há no Mundo ... aos sotãos, às pocilgas, aos porões, a todos os barrancos e tugt.rios, onde a fome e a miséria fermentam maldições e desc:;peros . .. E a tua voz abrandaria angústias, tuas palavras simples e confiantes envolveriam corações maguados, exhortariam corações vencidos, renovariam a benção de um sorriso nos lábios endurecidos de blasfemias ... E ao som da tua voz piedosa e amiga, as minhas mãos aprenderiam o gestc; para que Deus criou tôdas as mãos - o gesto bom de dar a quem não tem .. . Dia por dia, assim seria, enquanto eu fosse rico ... Uma tarde, por fim, nosso regresso 1 ornar-se-ia moroso e silencioso .. • E eu, novamente pobre, as mãos vasias disfarçando em meus bolsos vasios, tentaria enganar minha tristeza, com a esperança, a mirífic~ certeza rlc novas e inexp:otáve1s nquezas. • · Para que, dia a dia, lado u laclo, me levasses, Mãe Pl'cta, . . aos lugares mais pobres e mais tnhtes. • • P ara que minJ1as mãos conlin~afisem_ a se estender para ou tras mr1os vasii.ls, n o gesto bom ele Dar . . . . . Para que t ua voz, mais branda e 11101s arruga, simples como a ternura de tualma, nculcn t asse os corações aflítos e r eanimasse os cor ações cn rt!,mo1-1 · · · E como Deus te deu o destino de ser a mais bundosa. a mais santa Mãe Preta deste mundo, para te ver feliz, assim seria, . se uma vez, e outra vez, e muita::, veics, e~, fêi.se i·i<;o,, ., !l1 . . l 1 \

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