Revista da Academia Paraense de Letras 1955

REVlS'l'.A DA ACADl!lMlA 1-'ARAENSE DE LE'l'RAS Um episódio da reação constitudonalista de 1821 no Pará ERN.!:!STO CRUZ A junta interina de sucessão que substituiu o Conde de Vila Flõ1·, no i:io– vêrno da provincia, Após o embarque désse titular para o Ria de Janeiro, a l . o de Julho de 11320, não mereceu desde os primeiros dias da sua investidura. as simpatias populares. Fraca e desprestigiada. constituiu, por assim dizer. o eixo em torno do qual girariam. de futuro . as esperanças dos constitucionalistas p a– raenses. Com efeito. !I Junta forneceu aos revolucionários a mais valiosa con– tribuição Que êstes podiam esperar em tais conjeturas. O .>líeres Simões d a Cunha no mesmo di 0 que conheceu Patroni. dirll!iu– se como de cos tume à loj'.;I de José Batist::i d a Silva. te ne nte de milicias, sobri– nllo do Bispo d . Frei C::ietano Brandão. e comer ciante dos mais a bastados da capital . Logo (1Ue entrou. José Batista veiu ter com éle, perguntando-lhe com o mais vivo lnterésse : - Então senhor S imões dii Cunha. que novidades são essas, aue descfe a rhegada da galera AMAZONAS, andam circulando com insistência na ci– ctade? - Foi exatamente par,;i Isto, amigo Batista, que vim até aqui. E tirando do bolso um pacote de jornais e impressos : - Lei'\ êstes boletins oue me trouxe do Porto o sr. Felipe Patroni . - Patroni ? José B:>tist? ficou por alguns momentos pensando, para de- pois resoonder à sua própria interrogação : _:_ Ah. já me lembro. deve ser o trisneto do velho Antonio P eixão e sobri– nho do sr. comendador Antonio Rodrigues Martins . ~sse moc;o. continuou o tenente - descende do br?.vn Est;\cio Roririgues. sertanista dos mais destemidos aue J;\ teve !' capitani!l do Grão-P?.rá . Se não estou en eanado. foi o Estácio Rodrigues que fundou a vil,1 de São Jorge dos Alamos, a atual Vigia ... O ?!feres Simões d" Cunh? não estava bem ao oa r do m, rentesco de Fe- 1ioe P?.troni, e por êsse motivo concordou con1 o amigo. dando-se ares de sabi– chão: - Pois é êsse m esmo. sem tirar nem por. tenen te Batista , E como o outro :iinda ouizesse fazer exercícios de memor ia : - Lei? al!Or? os impressos, po is aindQ a muitos lenho eu de mostrar. Ao c?bo de ~•euns momentos, dura nte os quais Simões da Cunha obser– vava fixamente ~s feicões do amigo n:ira advinh,ir-lhe, tP)vPz, o pensamento. retornou Ba list:, dR Silva com estas palavras, devolvendo os jornais : - P ois bem. pode contar comigo ... O alfares niio conteve o seu entusiasmo : - Eu iá s!lbia tenente José B;itist:i. oue o senhor seria um dos nossos. MQs. a inda. não é tudo o oue deseio . - Pois f 0 ic homem de Deus. Quando costumo t omar uma resolução, morro mas não vergo . .. Depois de rapido silêncio. o alferes voltou a falar : _ Como ~:=tbe. h?vemos de fer necessidade de efct'l::1r reuniões . . . e :1 <h ficu ldade mQior está em conseguirmos uma cas!I que não desperte a atenção dos esbirros da Junta. A mi nha serve? interrompeu Batista da Silva. - Se não teme devassas . . . - o • senhor Simões da Cunha. o momen to não é de t em<>res. mais sim de contienç:i e trab 0 lho. Dig'I 8 Patroni ouc cedi !I minha loja para a rcuPião do~ consutucionalistas paraenses. Ambos aperta r am-se fortemente as mãos . ~ . já na ru.i, ~i.mõe~ da C1.mha c.li ~ia aq am1sç: ; •

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