Revista da Academia Paraense de Letras 1955

o llliVlS'l'A DA At:ADEMIA PAI!Al!:NSl!: DE LE'l'RA::i Lembra-me que uma das ditas d iretorias, querendo exceder às outras. fez instalar uns fócos de luz acetikna, com grande prazer dos frequentadores do arraial. que o consideraram tão bem aluminado. como 1:e fôsse a luz do sol. Preparavam-se prol!ramas cuidadosos a serem executados durante a 011inzena. E nos meus dias de mocidade, v ividos na " Folha do Norte" . vi alâguns dêsses p rogramas redigidos por IldeJ'onso Tavares. outr os por Eustaquio de Azevedo. e, se me não trai a memória, alguns dêles entregues aos dE:svelos de Romeu Mariz. . . Obedeciam a esêilo. propositadamente, campanudo. E:m– polado, com recheios do linguajar da gente do povo. Vinha aí dis'Criminado tudo quanto se fada no arraial, no tocante a leilões, fogos de artificio, e danças e can tos no Pavilhão CE:,itral. Em princípio, só havia o " Teatro Chalet·•. hoje " Cinema Moderno", onde e ram representadas baixas-co:nédias ou "chancadas", em espetáculos que não excediam de uma hora, ficancio a rasa s«:.-mpre lotada, ao preço de 500 r éis. O negócio, porém, era convidativo e, com o correr dos tempos, a umentou o número das casas de espetácul,,s. Vieram 11s revi~tas anuais, sendo a iniciado- 1•a do gênero " Tacacá". letra de Euclydes Fa ria e música de Cincinato Souza. Dos que seguiram, na tentativa. o mais rfesteiado autor foi Elmano Queiroz, pela imaginação criadora e pela graça espontànea. A festa de Nazaré daqueles tempos. nada obstante o baixo custo das utilidades e de tudo enfim, obrigava ;i gastos excessivos aos pais de família, como aos rapazes, num meio em que toda a gente SE· conhecia. Teatro, ceia. e outros derivativos, obrigavam a convites a muitas conhecidas, para que se lobrigassE· razoável aproximações da criatura amada. . O resultado er a que o obSE·quiador. se não tivesse companheiro ma is abonado, via-sa na contingên– cia de voltar a pé, vencendo por vezes grandes distâncias. Eram notáveis os fogos de vista. queimados, por volta da meia-noite, e os últimos, i>.s cinco horas da manhã. do dia da festa. Antes de ser fixado o círio, no segundo domingo de outubro. E.·ra reali– zado, po1· vezes no terceiro,_ e isso levava a festa a quase acabar com o i:nês, rle tal ma neira que a de San Braz, ou a dos barraqueiros, que lhe seguiam, deslinada a inden izar os que haviam tido prejuízos, abrangia o dia de Finados. de luto obrigatório ao tempo. O arraial ficava deserto, pois os bondes, trens da Urbana e de Bragança. rumavam todos para o cemitério de Santa Isabel. O da Soledade não exigia transporte, para a gra nde maioria dos visitantes.

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