Revista da Academia Paraense de Letras 1955
JtEVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LE'l'RAS 23 incomorta v;i t'Om os lrop€.'ços da ca minhada, nem com o pé vermelho que os 11•ilhares de pés, em movime nlo. aj udavam o venlo a carregar por sôbre os via ndantes e parn o interio r :las casas. Havia muita gente descalça, não por promessa. mas por hábito. Eram, em geral. os escravos, ou cri11s de rasa~ riens, para o serviço doméstico. Aliás, é preciso observar. que nas éras aqui relembradas, os dois Mar– ques de Carvalho. como outro~ jorn alistas. se revoltavam contra os catraieiros, carroceiros, escravos e crias de casa, que não expunham aos visitante,s, aqui chegados. senão os sapatos com que vie ram ;io mundo... Assim que o círio transpunha as ruas de seu trajeto <Sé, Calçada do Co– légio, Quinze de Novembro. Largo das MercP.s, Rua da Indústria, 15 de Agosto, Largo da Pólvora, Estrac!a de Nazaré, até a !!(reja, no Largo do mesmo nome), 11as residências ma~inais das r. itadas v ias públicas. eram servidas fartas mêsas de frios, dôces. chocolate, caté. lf'ite. tudo em abundância, para os convidados. A tradicional corda da b" rlinda, sempre tev€.' os seus opositores. Lembra– m€' ai nda que, num dos prime •ros círios que assisti. ao chegar a berlinda no "Ver-o-Péso ", nome mais vu·gar, então, a diretoria da festa tentou fazer substituí-la por uma junta de bois. A repulsa fo: imediata e tão violenta, que não mais ouvi ninguem conta- o fim dado aós bovinos ... Logo que passei a aprecia r a demonstração externa da fé popular, da r ua Quinze de Novembro. do estabelecimento comercial de Margues, Val1:nte & Cia., conceituada firma dêsses longínquos dias, foi que pude distinguir a sequência das várias partes. Cavaleiros montando cavalos ajaezados com.luxo, precedidos de soldados de cavalaria a soprarem os seus estridente clarms, o cano precursor, o é:e D. Fuas Roupinho, o carro dos milagres, escaleres, tudo isso acompanhado de muito povo que se comprimia na pouca largura da r ua. E os anos se passaram, deixei Belém, antes para o Sul, apôs. para a Norte-América e novame:nte em Belém. desta feita mais ou menos "encanu– dado ", não precisamente como Guerra Junqueiro, na espécie do diploma .• • Passei a ocupante da porta do edifício da "Folha do Norte", e acabei pontual conviva do palacete Bolonha, a e ntrada da Avenida Nazaré. É mais ou menos dai que começa o uso das promessas dos vestidos velhos e pés descalços. A impontuaJidaàc no pagamento dos f uncion ários públicos, levou muita gente a essa contingência. A seguir, a devoção reparou que a penitência po– deria ser oferecida por grandes graças alcançadas, e se foi vulgarizando. Depois que d. Irineu vetou o uso da corda. e outros a restabt·leceram, o círio sofreu sensíveis modificações na imponência, embora profana, do seu antigo aspecto. E como há quem atribúa ao dr. Dionísio Bentes uma grande parcela. de responsàbilidade no ato de D. Irineu. como testemunha presencial do ocorndo, aproveito a oportunidade para r epôr as coisas em seu lugar. Ainda l'Slão vivos os drs. D eodoro Mendon ça e Eurico Valle, que'. como eu. ouviram r;aquele f'xtinlo governador a declaração de que "nada t!i:1h1:' a op6r à cordinha •·, mas sent ia de seu deve r prestigiar a autoridade eclcs1astica, a quem compE:tia resolver o caso, mantendo a ordem pública. E apesar do rude golpe que o atingira nessa ocasião - a morte de seu il'mfio m n is vrlho - acompanhou o círio, ladeado por êsses dois amig51s e pelo '1Ul,or ckstRs linhas, entre out,·oa, Hem n 11lvro l t1(.'Üo d e fOr<:11 rnllilur. Nuo que ro, porém, desarruma!' eon1pl0tnmrntc rsl1111 r~mini.~côncin:i, r pixando _pnrn tr~~. sem qualque r referencia, o que eram as primeiras fE-stas de Naza1·e por mim l requc11lud11a. ii: ou hlotns que- na r<'C;am rxi~lir n a minha narrativa. decorrc_m. na Lurnl e 11impl!'Hf11l'llll', no fato ctE· minhas consta ntes e prolonga das ausência:; da e.idad e que acolheu a minha pucrlcia e viu dc11envol ve!'-Se e completar-se 11 1n1t1hn ndol,~~r-t~ncia. }'tJ t rins que prclc11c-· ttr ur'n 1 u1·t llhu t .. du 110,uu1 f:!)odom1 Murinhn _tlt• Gut't'I'!'– ,~ como nao llle lóssc p111•miticlo r onc rl'tiznr n mnlJiciom1i:tn napirnç110, poi:torin 1 ·epeU1" com um dos meus poetas predildos : " O mm· já me tentou . Aspirações fogosas Fizrram-mc Jdcül' funlásUcus vwge11s. Eu so11lwvu trazer de incógnitos pomgons, Noticias imortais às gentes curiosas " ... - para contentar-,m:, dépois, com a m ela ncólica idade das. doen ças e (Áq ijbUlldl.)ll(J. ' .
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