Revista da Academia Paraense de Letras 1955

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE Lli:TRAS Lady Machbeth 1mssa. . . E o Silêncio maldiz os seus olhos fatais de Sombra sem repouso... Beethoven chora... E a "Marcha Fúnebre" não diz das torturas do gênio em seu sonho grandioso ! Trissam asas de agouro em volteios sinistros ... Na floresta do mêdo andam rumores largos ele adeuses dum Rei Lear, elas vozes dos sistros. A lua emburelou o seu corpo de anêmona... O corai;ão ele Iag·o urde filtros amargos, e o fantasma de Otélo estrangula Desdêmona. - IV - Na silente amplidão da noite merencórea dclh,am bandolins na alma dos menestreis. Werthcr, meu poeta e irmão, cisma, à luz transitória da iluminura astral dos lunares painéis. D. Juan, a recordar seus amores infiéis, sente um véu de saudade ao fundo da memória Louco, ~<>humann esquece os seus sonhos revéis pelos sons de cristal da harmonia incorpórea ! Abre dentl'O em nossa alma um luar ele Baltimore... J.ouvam, no céu florescente, asas brancas abertas a musa es11iritual de Desbordes Valmore. Transfiguras meu ser lua consoladora ! e ao mortuário pavor das alcovas desertas, surge aos olhos de Poe a visão de Lenora. -V- Noite... Pelúcias no ar, em maciesii.s cfo sono, afelinam da treva o adormentado enleio. l<'luem, flébeis, florais, fluídos de fim de outono, dos poemas, sangue e Dôr, do Anto Nobre, que leio. Trila, em tímidos ais, trilos de frio entono, um grilo que não ri e ao meu tugúrio veiu. O meu Cesário, o poeta, a tossir, no abandono, dentro da noite mo1·ta abre chagas no seio... 21 Lá matraqueia e rompe ave aguorenta o canto. Que arrepio mortal e que choque nos nervos ! Certo é um rasga-mortalha... e me assombro, e me espanto ! • • •• Noite ele pesadelo e delírios mortais... 'l'or\ros duendes azuis voam em vivos acervos, g1•asn:i o corvo ele Poe, entra II diz : ~ "Nunca mais" ! Do "Poesia 11 - HJ31, l - ...

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