Revista da Academia Paraense de Letras 1955

. . ' . 14 REV!S'l'A DA ACADEMlA PAR.Al:NSE OÉ LE'l'RAS Quando alguém, de sua particular afeição. fazia anos. comç,, por exemplo, 11 minha saudosa amiga, senhora Celina Rosado, esposa do dr. Silva Rosado, incum– bia a três ou gu?.tro de nós de escrever a noticia . Nunca se declarava sa tisfeito . Des tacando uma frase desta, um período daquela, uma imagem em que atentara naquela outr?., coordemwa, ele próprio, o epinicio, metendo de seu o que julgava imprescindível. E em a que redigi,!, que os leitores encontr?.vam, no dia segitin– te, publicada com as honras de um tipo saliente. E para não descontentar-nos, verbalizava uma explicação excêntrica: --Todos nós devemos esse tributo à donz. Cetina . Não é el?. a esposa do Rosado ? Não é o Ros?.do que nos cura a todos nós, e às nossas famili~s, de caro– na ? Quero também participar do ônus. Por sua iniciat iva, criara-se, no jornal. uma nova secção, intitulada "Co– média do Amor", que deixara a meu cargo. Escolhia-se como tema o even to passional majs interessante da semana e <lava-se-lhe feição romanceada, aos domingos. Sucedeu que num desses C?.sos o protagonis ta era, o sr. Bento Chermont. Eu n ão o conhecia e ignornva as relações da familia Chermont com Enéas. A tardinha, este chamou-me: -- Fizeste a "Comédia," ? Respondi afirmativamente. --Deixa vi:::. Leu-a. sorrindo. e restituindo-ma. em seguida, exclamou: -- i::s doutor, nessas baboseiras ! Perto de chegar-se :10 térmo do serviço, enviou-me, de casa, este bilhete: "Não publiques a "Comédia". O .Justo. irmão do Bento, acaba de comunicar-se comigo e pediu-me que lhe poupássemos êsse vexame. Amanhã conversaremos". Telefonei-lhe na mesma ocasião. impertinente e irritado. Respondeu-me calma– mente. --Não compreendeste o bilhete ? -- Compreendi, decerto. -- E não estás de acôrdo que coma nda nte manda e marinheiro obedece ? Enviei-lhe uma carta. na manhã seguinte. despedindo-me . Redigi-a assim: "Sinto-me humilhado depois do que se passou. o senhor degre.ôou-me perante os companheiros . i:: certo que me falta b?rba, me.s tenho vergonha, o que é melhor do que cabelo na cara. numa época em que já não há quem p,ceite penhor de bar– ha d'homem para levantar um ceitil. Pode ruspôr do meu lugar e f?.vor de quem Ge preste ao desempenho de papéis tristes". Pelo m esmo portador, que fôra- 0 "Pe rna Santa", replicou-me : "Ao besta– lhão do Mara nhão, o Enéas cumprimenb e pede vênia n:,ra dizer-lhe o seguinte : Tudo o que es tá s ucedendo são cois!'s d!I vida. Perten~em a este mundo e não ~o outrn. Se a refer ê ncia à tua f?,lta de ba rb'.'. ocult, alusão descortês à circuns– tâ ncia de eu. t!lmbém. ser imberbe, a culpa é da natureza e ?. est?., não a mim. ~ que te deves dirigir . Depois, bem sabes que imberbe tem s ido muit:, gente boa. () .Justini:>,'10 de Se r9a nilo tem fio de ca belo no oueixo e nem oor isso deix;i de Rei· o aue é . .Já lhe repa raste na cara ? Pois repar~~ e deoois f ?.la . Da FOLHA não sair ás. Não te esqueças de que tua mulher estã gráv id?., o que quer dizer que , ais ser pai. A ind<> h á policia em Belém . Emba rgar-te-ei a saída . ainda que tenh11 rle c~lunia,-te. acus;,ndo-te de me te res roubado o . relógio. que. aliás, ainda nãn e ncontrei jeito de compra r. Ficas convid:,do !rnra O a lmoço de confra,ternização aue eu. o Eládio Lima e o Alfredo Sousa promoveremos hoje, ao meio dia, no "Mad rid ", em tu?. honrn. Dize ao .João do Rêgo que bmbém pode ir. Se o B en to. o prot?.~onista dg, "Comédia", fôr visto por um de nós, o levaremos connosco . Quer o que r ecebas de viv~ voz os agr ~decime ntos, cert,,mentc- comovidos, çlo mal, felfor da senh.o~!ta Cinh·a", o o

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