Revista da Academia Paraense de Letras 1955

HlNl S'l'A DA ACAD.li :Ml A PARAENS.E! DE LE'l'RAS l 3 Cus llgava docemen te a pern11 direita,, n o decul'so do caminho . Gostava de a ndar a pé, como o def ensor d as Termópilas, o autor da "Velhice do P ad re E terno" e o preside nte Getúlio Va rgas. Esse mesmo costume p ar ticularizava, com uma clrcunstãn cla singula r, na mocidad e, a Barroso Rebelo, sobretudo qua ndo. por súbito inciden te, faltava luz na cidade . Ba r r oso t inha o temperamento cami– nheiro. Punha de li>.do o que estive sse a fazer e despejava-se p a r,ci a r ua • P er– corria-as a pa.ssadas de menino p olegar, andarilha ndo , com deleite. '-lo seio da escuridão. Logo que chegávamos de volt!!. dona Cacilda fazia-nos servir ch á. f iam bre e ovos aquecidos, com t orradinhas à minuta. em bebidas de m a--:,teiga f resca, que os Bezerras enviavam de Soure, a juros ele onzeneiro. As vezes, o ·•menú"' con1- punha-se de galinha fria. A t amanha d istância das inolvidáveis colações, ainda lhes sinto o sabor • Nunca m!lis frui tão suaves prazeres em ambient e desse modo acolhedor . Aque– cia-o a estima desinteressada. Enéas nascera com o gênio esp ontâneo da cam a radagem . At ra ia amigos como as moças ricas atraem casamento . Quando exerceu o mandato legislativo pelo Amazonas. que lhe oferecera o governador Silvério Ne r y. tod~ a vez que volbva das reuniões a nuais da Câ– ma ra, trazia -nos tocantes lembr a nças. em harmon ia com os n ossos pendores. ou as nossas necessidades . Tinh a o sent ido divina tór io . Ao pretinho Marcelino. continuo. seu mensa,geiro em amores, e a quem apelidava de "P e rna Santa". porque saira do ventre mate rno com um p é cambaio, e 2 0 dr . Fir mo Braga . re– galava-os com pacotes de cha rutinhos baia nos; ao J oão do Rêgo, r eservava um envelope fech ado, com s inete parlamen tar, cujo conteúdo er am duas cédulas novas de cem mil r éis; a,o velho Carneiro, impressor, t razia um p ente para co– üar o ca vanhaque e tônicos ca pila res que lhe fizessem ;,dvi.r cabelos na careca · Não f ica va empregado da oficina.. d!\ gerência ou da redRção sem a ofer tR amá– vel de algum obje to que l he fôsse útil . Guardo comigo, crivado das tra<:as na ~apa, um exemplar " ln-folio" da edição principe, de ce rto livro de Gonzaga, Du– que Estrada, com esta dedicatória na folha de gua rda: "Sobraria p ara t i . Mar a– nhão, se para outros faltasse. - Enéas" . P erdia as est ribeiras quando e ncont rava. na F OLHA. matéri; mal r edi– gida, ou mal revisionada. Vinha de casa com o seu exempla r assinaiado a tra– ços de l;ipls vermelho . Re un ia-nos em tôrno da sua m esa e inicia vâ . com duas rugas verticais entre as sobrancelhas, veeme n te inquérito. -- Quem íoi que escreveu a not icia dêste s uicidio ? O autor acusava-se, timid!lmente. Ouvia um lembre te severo, cujas fagul h a-s nos a tingiam a t odos. - - E esta estup idez da terceira página, em que só se faltou dize r qu e 0 cadáver morre u ? De q uem é? O e ulpado empalidecia . --Por que não troca a ca neta pela vassoura da L impeza Pública ? Os •;cnhores a rrasam o conceito do jorn al ! E esb local de rapto ? O a utor desce u a m inúcias dispe nsáveis. Não tarda rá o dia em que O meu amigo. cons . Nicola u M?,r tins, refugu e a assina tura, pa ra n ão fazer cora r as faces vir ginais das :filhas 1 Quem é que n ão sabe para que um h omem rapta uma mulher ? ! Sorriamos discretamen te . O cons. Nicolau Martins ameaçav a. frequentemente, cancela r a assinatura por ca usa de cer tas noticias. Chegava a m inh a vez. Voltando-se para mim , quase s umido na la,pa do me u terror, fitava-me os olhos de a r gus policial: - - Aposto que essa grossa asneira da 4.ª p ágina é obra sua, Maranhão ? Era. Desancava-m e impiedosame nte, murmurando, por f im ; - - Des apareçam das minh as vistas, seus burrotes, q ue e u preciso traba.• lllar • Darei a cad.i um , como p resente de ?.nivcrsário, uma carroça• • • J à en\ão s01·ria,. Em assim que a ca rlciav.:1 - "à poil re bo\1rs" , • 1 •

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