Revista da Academia Paraense de Letras 1955

1Z RBVlSTA DA ACAD0MIA PARAP.:NSh! OE LETRAS E us láquio satisfazia-se, em reirib uiçã_o ao seu "magis lério". com um pa – cote d e ciga rros c. de vez em qua ndo, u ma ga rra.fa de cerveja "Onça·· ou "Gui– ness". que absorvia de imediato, pelo colo do recipiente. Caceteava-me a valer . Esp era va-o, a té que jogasse a pa rlid~ cio cos tume. horas a fio , escor a ndo as ombreiras do salão de bilhar do "Café Central " , no sttio onde o Can elas teve a sua fermácja, ao l!lr go de S;:m tana-. Aproximavà-se, então, d e m im , ofegan te e apressado, para julgar os versos que ~u lhe conf ia– v a tim idam e nte . Restituía-mos, depois da leit ura, rá pida como centelha de relâm– pago, a rticula ndo a p !llavra inde[ectivel: "Persevere !" . Toca va -me a testa com o indicador su jo de giz, e exclamava: "Aqui há chorume !". Era o b ilhete habitua,] de despedida, o de nominado bilhete azul da a tualidade. O ch orume da minha genialidade derre teu-se com o sol a rde nte dos nossos verões .. . . v;m da. roça P<"ra a FOLHA a convite de Enéas Martins, Jogo que ele com os d rs. F ir mo B raga . Cipr ia no Santos e Alfredo Sousa a fund? ram. Sen ti-me personagem importan te na oportunidade . Eu era professor n o grupo escolar d e Ma rapanim . Enéa-s m a ndou bus car -me em lanch n fretada , porque n ão h avin navega– ção a vapor pa ra a quelas ba ndas. Ligavam-me ao d iret or do órgão inde pendente , que acabara de cria r-se, vín– culos de con fr ntern idad e q ue se romperam imprevis tamen te, q u.endo gover nou o Estado. Tom ei as dores 9or Cipl'i!!r;io Santos, padrinho. ma is t:,.rde, de meu se– gundo filho. e. j á então, prop r ie tá rio exclusivo da FOLHA. Cipriano estava sen– do vitima das maquinações· políticas de E néas, cuja a,titude nos assom brava . Ambos t inham sido, até esse momento . amigos muito ma nos, jnfusos como cérebr o e pensamento, corpo e alma. Cipriano poder ia gra va,r, no vevso do se u anel de m édico, a legenda de Catão : "amigo um, inimigo n enhum " . Esse amigo e ra Enéas. O r ompime nto entd steceu a ,todos aqueles que sempre os conh eceram unidos. A minha intimidade com Enéas vin ha do tempo em que chegara do Re– cife, forma do em Dire ito . E u t rl;lbalhavJ;1, como revis or de p rovas, no "O Rep ú– blica", órgão do P artido Republicano F ede ra l . Seu pai, 0 professor Raimundo Ma r t ins, homem i nteligente e culto. nasoido na ter ra dos Romualdos, exe rcia as funções de redator-chefe d o jornal . O prod ut o da s ua p r imeira lide íore n~e /200$000) repa rtira -o coJnigo . Festejamos o acontecimento, ja ntando no "Restaura.nle Moura'', onde se vê ago– ra a "Fotografia Cru:valho", ou p or ai assim . Bebemos. cada um de nós, meia botelha de vin ho. E née.s refrigerou-se com "Saint-Emilion . grand cru'', e eu me confortei com um "Bordeaux -Blanc, trip ie galop", que mnr ean tes vigile ngos con– t rabandeavam de Caiena . Qua ndo esteve no governo, acolhla-me logo que era avisado da m inh a prese nça . Dona Cacilda. s ua ;imorá vel e dedicada esposa. a quem vi. h â poucos me– ses, no Rio, com a impávida fronte a ureolada por uma corôa de cabelos bra n– cos dava-lhe , imediatamente, a n oticia da minha chegada: --Enéas. o sr. Mara n hiio está aqui. Ma rtins Pinheiro, o P in heirão, como lhe chamávam os. agu2,rdava a vez de ser recebido, dormita ndo, com P pachorra h abitual n a sal'.\ de espera, como– >iam e n{e empe rnado numa espreguiçadeira de lona . 'Era O secretário do Inte- r1or . E néas ml'l ndnva dizer-lhe que deixasse a pasta úo exped iente e viesse re,, /orná -la mais tarcte. E u subia ao se u gabinete. Encont rava-o de pijama e chi– ~olos, vertendo camarin has de suor da tes ta ampla, sôb re a qual esvoaçavarr algumas farripa~ do cabelo despe nteado. Vestia-se rànidamente e di rigia.mo -nos à nossa d uc ha escocesa . no Hidrote rápico. Andáv~mos em marcha de câ– mara le n ta Enéas le va va e ntre as m iios a sua "hadm c" de j~•nco, com a qua l o

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