Revista da Academia Paraense de Letras 1954

j, REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 85 de viver todas as crianç~s. Penso nas outr as crianças, meu filho, que não se alimentam , que nao dormem agasalhadas das intempéries e do frio, dessas crian ças que o poet a e médico Gabriel de Lucena imortali– zou num poema belissimo. Olho p ar a o te u r osto, faço vigilia ao teu sono, procuro interpre– t ar os te us sonhos, como ontem sucede u, quando alta noite chorando, aflito, ch am aste, et1tre soluços, por mamã, papá e vovó, e pen so n as outras crian ças cujas mães resumem o seu único t rabalho e o seu único dever em conceb ê-las. E penso nessas crianças que são abandonadas pelos seus pais, homens sem ent ranhas, indignos da vida, inc:ijgnos de conviver numa sociedade que se preza de ser humana e sinto que a minha responsabilidade é maior perante Deus e perante o meu Destino. Estás conhecendo a infância e eu me vejo em t í, meu filho. "Eu me vejo e m e sinto criança t ambém, porque o teu pai não conheceu infância. Essa fase de minha vida decorreu agitada e eu muito cêdo h abituei-me a enxugar, com os meus beijos e os me us carinhos mais doces, as lágrimas sentidas de minha mãe, a vovó carinhosa cuj o r e– tra to tu olhas sempre, como que vendo nela a imagem da criatura que fez d ~ sua vida inteira uma grande r enúncia em favor de nove filhos, dignos todos a té hoje do seu imenso saerificio, e que plasmou a alma io teu p ai, fazendo com que ela, na mocidade, fosse, como é, um oasis de p er dão e de amôr , de bondade e de compreensão para as m aldades dos nossos semelhantes. Tran sformo-me e m criança ao teu lado e sou criança também , m e u Geo amado,\Porque, dando-te todos os brinquedos que desejas ou aspiras, posso com eles br incar também, v ivendo em plena mocidade, a infâ n cia que as contingencias da vida não me d2ixaram conhecer . E 's hoj e e serás am anhã a razão de ser da minha vida, porque n ad a ma is és t ambém do que a própria continuação de mjnha existên– cia. Mas nunca deixarás de ser aos m eus olhos e para a minha alma o Géo de hoje. Ah! isso nunca deixarás de ser, porque os nossos filhos, conl.o acertadamen te escreveu Franklin de Oliveira, jamais perdem a infância: "são sempre q ianças. Não importa que cresçam: os vem os eter name nte como os vim os pela primeira vez no berçário". Deu s te . a bençôe, f ilho da minha alma. Géo 'do meu co.ração, filho do meu sentimen to, fruto do me u amôr, flôr da minha emoção, espe– ra nça dos m eus ideais maiores, glória suprema do meu dest ino de ho– m em e de poeta. Belém , 17/ 11/ 953. O LEGADO DO PAPA NA ACADEMIA PARÃENSE DE LETRAS · 1 ;. m e........ ➔• ~• ◄ mo:e O clich e ao lado mostra S . Eminência , o Cardeal Legado do P a pa P io XIJ ao Sexto Con gresso Eucarístico Nacion al, Dom Aug usto Alvaro da Silva, posando para os fot óg rafos em com1,anh1a dos acadêmicos paràcnses, Jogo após a gra ndiosa sessão de 18 de a gõsto de 1953. Sen tados, d:,. esque rda pa ra a direita do le itor, vemos os acad émicos Paulo Eleutério Sen ior, Ra inéro Maroja, Avertano Rocha, a rce bispo Dom Antonio de J\lmeltla Lti"st;osa, Dom Augu sto Alva ro da Silva, Com Albe rto Ramos e os dois secretários tle S . Emlnénci:t. D e p é, n:,. m esm a o ntem, estão um sa cerdote, e os acad émicos Aloisio Alexandre Soares, Luiz T e·x eira Gomes, Rodrigues Plnagé, .Sant:,.na Ma rques, Jorge Hurley, Ernesto Cruz, \Ven cesla u Costa, J . l\1 . Hesketh Conduru, D e Campos Ribeiro, Adalcinda Ca marão, Georgenor Franco, Abe la rdo Condu.ru, Miguel Pernambuco Filho e o oficial r epresentante do Prefeito Munlc:ipal de Belém.

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