Revista da Academia Paraense de Letras 1954

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE OE LETRAS '73 tos aqui vieram clar brilho e magnitude a esta hora de espiri– . tualidade. Do mesmo modo, tenho por indispensável e de absoluta oportunidade, aproveitar êste desfecho para uma definição pessoal, lendo ràpidamente a carta que dirigi, em 1944, ao · escritor Mecenas Rocha, o torturado eremita das · nossas letras: "Meu ilustre conterrâneo : Não ·devo perder o ..ensejo, que se me oferece .tão apropositado, para pôr u'a nota à mar.– gem da referência, em tanta maneira obsequiosa, que fiquei a dever às demasias da sua bondade, num dos recentes tra– balhos que enviou às ·'FOLHAS", em cujas colunas sempre leio sua apreciada colaboração. · Sem ainda ter tido a fortuna de o conhecer pessoal– mente, nem de qualquer modo nos havermos jamais comuni– cado, foi natural a surpresa com que verifiquei, entre agra– decido e confuso, a menção que se não designou de fazer do meu nome; tão impróprio e tão vazio de sentido para ser invo– cado, ainda que acidentamente, em assuntos de ordem lite– rária. Sei que atuou em seu espírito a frequência, já antiga, com que aparecem meus escritos nos referidos diários; mas é justamente nêste ponto que preciso elucidá-lo, fazendo questão de o habilitar a uma apreciação mais exata a meu respeito, para que eu não me beneficie, gratuitamente, de um conceito que não tenho com que justificar. ·Não me considero, absolutamente, um homem de im– pre·nsa, nem tampouco um intelectual, no sentido pleno em que qualquer dêsses títulos possa ser tomado a sério; sou inca– paz de chamar confrade ao menos credenciado dos escritores; não frequento Fodas literárias; não tenho contacto com a in– telectualidade da nossa terra, em cuja comunhã<;> eu seria um intruso; não pertenço a nenhuma associação cultural, em que os homens de pensamento se congregam; não tenho car– teira profissional de jornalista ; não possuo diploma de es– pécie alguma - e ambiciono apenas o seguinte, por ser uma causa que os anônimos têm direito: viver em paz! Não sou senão um simples comerciário aposentado, isto é, um homem posto à margem. . . Colaboro nas "FO– LHAS" para retribuir o ininterrupto e nobre apoio que dali recebo e é, ainda, uma J·epercussão do passado ; mas, mesx:no assim, penso que essa solidariedade deve ser vista com o pior dos maus olhos pelo meu destino, sempre encarniçadamente às voltas comigo, talvez irritado com o soberano desprezo que lhe dou ... - . _ __. I

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